75 anos da CEPAL

Artigo de opinião por Lauro Chaves Neto*

A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe, criada em 1948 pelo Conselho Social da ONU (Organização das Nações Unidas), congregou expoentes do pensamento desenvolvimentista latino-americano.

O Argentino Raúl Prebish (1901-1986) defendia a industrialização como estratégia de avançar no progresso técnico e na melhoria da qualidade de vida. Já naquela época, Prebish combatia o modelo que colocava a América Latina como produtora e exportadora de matérias primas e commodities.

O brasileiro Celso Furtado (1920-2004) explicava muito da história econômica brasileira com o modelo centro-periferia sendo uma das principais causas das desigualdades sociais e territoriais, provocada pela dicotomia entre dois modelos econômicos no Brasil, um setor dinâmico e de alta produtividade voltado para as exportações, e outro voltado para o mercado interno com baixo dinamismo e produtividade.

A abordagem da CEPAL tem o mérito de procurar estabelecer conexões entre as estruturas produtivas dos países e os resultados distributivos, sendo o seu pensamento dinâmico, seguindo as imensas mudanças das complexas realidades no âmbito global, regional, nacional e local.

Em 2022, a CEPAL definiu  dez áreas prioritárias de política para a transformação do desenvolvimento: promoção da produtividade, desenvolvimento produtivo, emprego e crescimento inclusivo; redução da desigualdade; universalização da proteção social e melhoramento do Estado de bem-estar; melhoramento da educação e formação profissional; promoção da igualdade de gênero; promoção da sustentabilidade e adaptação e mitigação da mudança climática; transformação digital; gestão das migrações; promoção da integração econômica regional e no mundo; e macroeconomia para o desenvolvimento com o fortalecimento da governança, gestão, coordenação, planejamento, qualidade institucional, diálogo social e participação como objetivo transversal.

Essas dez áreas passam a ser o foco de atuação, sendo definido o que e como deve ser feito, com padrões de gestão, governança, planejamento, arranjo institucional, coordenação e monitoramento de indicadores.

*Lauro Chaves Neto – Conselheiro Federal de Economia, PHD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona e Professor da UECE.