Artigo – E agora, José?

O IBGE divulga hoje o PIB do 1º trimestre de 2017, com previsão de nova queda em relação ao 1º trimestre de 2016. Se comparado ao trimestre imediatamente anterior (4º trimestre de 2016), as previsões são de leve alta, mas com tendência a retornar ao crescimento negativo já no 2º trimestre.

Por que razão a economia brasileira encontra-se afundada na crise? São várias, mas a principal é sua contaminação pela crise política. Vale uma retrospectiva: Embora num ritmo inferior ao do período 2004/10, a economia brasileira teve desempenho razoável de 2011 a 2014: crescimento médio de 2,35%, geração de 4,94 milhões de empregos com carteira (média de 1,23 milhão/ano) e superávit fiscal médio anual de 1,7% do PIB (R$ 108 bilhões, em valores atuais).

Ocorre que, já no final de 2014, as forças políticas e empresariais derrotadas nas eleições presidenciais deflagraram um combate sem trégua ao governo reeleito que, emparedado, cometeu seu maior equívoco, adotando o programa de ajuste fiscal derrotado nas urnas. O programa de Levy/Barbosa, associado à conhecida incapacidade política da presidente e à pauta bomba de Cunha, com a oposição apostando no “quanto pior, melhor”, jogaram o País na recessão.

Passado mais de um ano do impeachment, não sabem como sair do atoleiro. Em sua coluna de 25 de maio na Folha de São Paulo, o jornalista Jânio de Freitas, antevendo revolta civil no País, criticou fortemente as classes dominantes: “sempre empedernidas e vorazes, acreditam que é possível impor, a um só tempo e impunemente, desemprego, ostentação de roubalheiras premiadas do dinheiro público, salários atrasados, cassação de direitos trabalhistas, redução dos miseráveis recursos e serviços de saúde e ainda piores de aposentadoria, corte dos investimentos públicos e, pairando sobre esse conjunto idealizado pela classe dominante, uma composição imoral de governo”. E agora, José?


Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia