Encontro de funcionários do Sistema Cofecon/Corecons

Nos dias 19 e 20 de agosto o Conselho Federal de Economia realizou o encontro de funcionários do Sistema Cofecon/Corecons. O evento tem foco na capacitação de pessoal e durante dois dias foram discutidos assuntos referentes ao trabalho das autarquias e ao momento que vivemos. Devido à pandemia, o encontro se deu em ambiente on-line.

“O Sistema Cofecon/Corecons precisa ser cada vez melhor. Precisamos ter uma visão de corpo muito clara. Somos todos uma engrenagem só”, afirmou em sua fala de abertura o presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda. “Nossa atuação se pauta em três grandes linhas. A primeira delas é a atividade precípua, a regulamentação, a fiscalização. Isso representa um desafio imenso, porque esta é uma profissão muito diferenciada. O segundo está relacionada à pandemia, que nos obrigou a uma adaptação rápida, e nossa resposta tem sido muito boa. Rapidamente nos adaptamos em todas as dificuldades para manter a nossa atividade apesar da pandemia e seus efeitos. Tivemos também uma espada sobre a nossa cabeça, que aparentemente foi afastada, que era a PEC 108”.

Denise Kassama, vice-presidente do Cofecon, iniciou sua fala dizendo que nada é tão bom que não possa ser melhorado. “A pandemia nos obrigou a nos transformarmos, tivemos que nos adaptar de forma dinâmica e fizemos mais de 300 eventos no período”, afirmou a economista.

Transformação digital, fiscalização e treinamento de mídia

Em seguida, os participantes foram divididos em três salas, cujos temas foram transformação digital dos Conselhos, fiscalização da profissão de Economista no contexto da pandemia de Covid-19 e treinamento de mídia.

Fernando Baptistella Fernandes, presidente do Corecon-BA, foi o palestrante na sala 1. “Este tema, além de muito atual, tem uma característica de uma aplicabilidade prática imediata”, iniciou o economista. Ele apresentou uma realidade na qual até 2024 80% dos produtos e serviços tecnológicos serão construídos por pessoas que não são profissionais de tecnologia. “Antes de buscar uma digitalização do meu processo, eu preciso garantir que o meu processo está eficiente. A transformação não será a solução dos problemas. Ela vai potencializar aquilo que você tem”.

Na segunda sala, o conselheiro federal Wellington Leonardo da Silva falou sobre a fiscalização da profissão de economista e as alterações causadas pela pandemia. “Houve um impacto violento no número de processos”, afirmou Leonardo, que também é ex-presidente do Cofecon. “Na fiscalização, começamos com um primeiro problema: o acesso aos conselheiros relatores. Eles não se dispunham a ir ao Conselho para relatar processos e conversar com funcionários, e correriam riscos no ônibus, no trem, nas ruas. Ficamos com muitos processos retidos”, comentou.

Leonardo também falou sobre métodos de fiscalização que podem ser feitos de forma on-line e que ajudaram a minimizar os efeitos da pandemia. Já o acesso aos processos foi dificultado pelo isolamento social. O economista também falou sobre o manual de fiscalização do Sistema Cofecon/Corecons. “Não se pode pretender fiscalizar a atividade profissional se não dominarmos o que consta nas leis, na lei e no decreto que especifica quais são as funções do economista. Hoje não é mais necessário realizar um treinamento presencial. Há o manual. Pode-se tirar dúvidas de forma on-line com quem está mais avançado no processo de fiscalização. Isso diminui custos”.

Na terceira sala, contamos com a participação da jornalista Katiuscia Neri, da TV Brasil, que conversou com os participantes sobre a importância de apresentar um bom conteúdo, embalado num bom formato, para que o jornalista possa aproveitar o conteúdo e para que os leitores, ouvintes ou telespectadores, entendam o conteúdo de forma completa. Outros pontos ressaltados pela jornalista, que tem mais de 20 anos de trajetória profissional, foram sobre pausas, capacidade de síntese, cenário, posicionamento de câmera (no caso das gravações por celular), entre outros.

 Novo sistema financeiro, cadastral e de fiscalização

 O novo sistema financeiro, cadastral e de fiscalização, bem como o processo de migração e implantação, também foram abordados no encontro de funcionários. A ferramenta oferece mais autonomia e mobilidade para usuários e profissionais registrados, permitindo a interação do profissional com os Corecons e trazendo agilidade na atualização de dados cadastrais, verificação da situação financeira, impressão de boletos bancários, pagamentos de débitos em aberto, emissões de certidões ou declarações, entre outros. A empresa responsável pelo sistema é a BR Conselhos.

A migração foi implementada com sucesso no Corecon-PR e Corecon-DF e contemplou o mapeamento de processos específicos e também de documentos da categoria. Para os próximos passos previstos no cronograma de migração do Sistema haverá contatos com todos os Regionais, de forma paulatina, para coleta de dados e início da parametrização do sistema e homologação.

A assessora de Tecnologia da Informação do Cofecon, Keliane Souza de Jesus, apresentou os benefícios da migração e a importância do projeto para o Sistema. A hospedagem em nuvem representa um grande avanço tecnológico e o Corecon não precisará adquirir equipamentos ou alterar a infraestrutura. “Tudo isso vai ser feito para melhorar o trabalho e facilitar o dia a dia de todos”, afirma Keliane.

Salas simultâneas

Para os conteúdos seguintes, os participantes foram novamente divididos em três salas, que tiveram os seguintes temas: Comunicação interpessoal e interdisciplinar no ecossistema do trabalho com as transformações tecnológicas após a pandemia de Covid-19; uma oficina de criação de mídias digitais utilizando o Canva; e saúde mental no ambiente corporativo.

A palestra de comunicação interpessoal e interdisciplinar foi ministrada por Walquírio Ricardo Costa, mestre em Comunicação, Mídia e Cultura e especialista em marketing, administração e recursos humanos. O encontro teve um tom bastante reflexivo sobre como as pessoas se comunicam e as suas relações com os avanços tecnológicos, cada vez mais rápidos e dinâmicos. O palestrante colocou bastante ênfase na relação homem/tecnologia, apontando que é necessário não se esquecer do fator humano nos processos de evolução da tecnologia. “É preciso falar do propósito e não somente do meio”, afirmou Walquírio.

Sobre o ambiente de trabalho, ressaltou o papel da multidisciplinaridade de conhecimentos na formação profissional e a importância das boas relações interpessoais. “Existem vários conhecimentos que você não tem, mas que estão em seus colegas de trabalho”. Depois de falar um pouco sobre a sua experiência profissional e a carreira como consultor, o diretor da BR Conselhos enfatizou o exercício da atividade profissional de forma a priorizar a qualidade e não a quantidade. Ele citou como as tecnologias da informação são facilitadoras neste processo de aumento da qualidade do trabalho.

Na oficina de criação de mídias na ferramenta Canva, Raquel Passos, designer do Cofecon, apresentou de forma prática a ferramenta. Em tempo real, Raquel criou um post para redes sociais e demonstrou recursos gratuitos oferecidos pelo Canva. “Através da ferramenta, vocês podem criar apresentações, posts, cartazes. O resultado é muito bom”, ressaltou. Acesse a ferramenta clicando AQUI.

A psicóloga Lívia Borges foi quem falou sobre saúde mental no ambiente corporativo. Lívia tem mestrado em administração e doutorado em psicologia. Ela iniciou conceituando saúde: “Não é um estado, como muitas definições clássicas traziam. É um processo. Um indivíduo desenvolve sua saúde, e ela se modifica ao longo da vida. Não quer dizer que ela seja melhorada em tudo”.

“As condições de vida que cada um de nós tem são derivadas do nosso trabalho, e isso foi maximizado neste período de pandemia, principalmente no home office”. Ao falar sobre o quadro atual de desemprego alto, afirmou que nestes períodos as pessoas tendem a reivindicar pouco. “Existe uma lei regulando o home office. Mas vocês já se deram ao trabalho de ler esta lei? A lei garante muitas coisas que, na prática, não acontecem, porque as pessoas não conseguem cobrar”. Entre as alterações psíquicas que vem sendo causadas pela pandemia, estão o aumento do estresse e do burnout.

Oportunidade de integração: Congresso Brasileiro de Economia

Devido à pandemia, pela primeira vez o Congresso Brasileiro de Economia pela primeira vez será realizado de forma virtual – o que traz várias oportunidades, mas também muitos desafios. Quem falou a respeito foi o conselheiro federal Waldir Pereira Gomes. “Quando o Corecon-SP se ofereceu para ser o anfitrião, a ideia era ter o Congresso de forma presencial. Com o avanço da pandemia, passamos a projetar a realização de forma híbrida. Depois não tivemos outra alternativa que torná-lo virtual. É uma experiência nova no nossos Sistema”, afirmou Waldir, ao mencionar o conceito de destruição criadora de Joseph Schumpeter.

O tema do evento será Perspectivas para a Economia Brasileira Pós-Pandemia. Serão mais de 80 horas de conteúdo, com mais de 100 palestrantes. Waldir falou sobre a programação, que terá paralelamente um encontro de perícia econômico-financeira, o Fórum da Mulher Economista, a Gincana Nacional de Economia, as entregas de prêmios, entre outros eventos. Políticas públicas, mercado, o cenário econômico internacional, o futuro do trabalho, sustentabilidade, desigualdade social, reforma administrativa e tributária, investimentos em infraestrutura, meio ambiente e muitos outros temas serão discutidos nas várias palestras e mesas de debates programadas para os dias 8 a 10 de setembro.

Impactos da Covid nas instituições

O psicólogo Ricardo Werner Sebastiani foi o responsável pela palestra “Os impactos da pandemia de Covid-19 no dia a dia das instituições e saúde mental pós pandemia”. “O tema saúde mental vem sendo discutido desde o início dessa década e a Organização Mundial da Saúde já identificou que entre as doenças que incapacitam a população mundial, a depressão superou todas as outras e a ansiedade fica em quinto”, afirma o doutor. De acordo com dados que ele trouxe, desde 2017 o Brasil é o país mais ansioso do mundo, com 10% da população demonstrando algum tipo de transtorno de ansiedade e 6% com algum transtorno depressivo.

Agravando esse quadro, a pandemia de Covid-19 gerou consequências gravíssimas na saúde mental da população. O palestrante fez uma retrospectiva da pandemia e a relação dos impactos na saúde mental da população brasileira. No final ele reiterou o papel das lideranças. “Como entidades e lideranças temos um enorme esforço para dar respostas e suporte para essa população, ainda temos muito esforço de adaptação, mas temos que lembrar que nós estamos também passando por isso. Então temos que cuidar também de nós mesmos”, concluiu Ricardo.

Planos de divulgação de projetos estratégicos

Outro tema debatido no encontro de funcionários foi “Planos de divulgação de projetos estratégicos para o Sistema Cofecon/Corecons e presença digital dos Corecons nas redes sociais”. A palestrante Paula Petrucio, especialista em vendas e marketing no Instituto Brasileiro de Presença Digital, afirmou que é preciso construir uma presença online de forma orgânica e estar sempre produzindo conteúdo de qualidade para o público.

A palestra tratou de estratégias de atuação nas redes sociais e a relevância de se estar presente nas plataformas. Ela deu dados sobre a presença dos brasileiros nas redes e dicas de como utilizar melhor o recurso das lives. “É preciso sair da zona de conforto para passar para a zona de crescimento e de aprendizagem, onde definimos novas metas e traçamos um novo objetivo”, afirmou a especialista.

Salas simultâneas

Novamente os participantes foram divididos em três salas, sendo uma para debater registro profissional, boas práticas e homologação de cursos conexos aos de ciências econômica; na segunda, o economista Luiz Barsi Filho falou sobre investimentos na bolsa de valores; e a terceira tratou de boas práticas na formulação e execução dos orçamentos das entidades de fiscalização profissional.

A palestra “Registro Profissional: Homologação de cursos conexos, boas práticas nos processos de registros, suspensão, cancelamento e remissão de débitos” foi ministrada pelos conselheiros federais Paulo Dantas da Costa e Mônica Beraldo Fabrício. Fábio Ronan Miranda ressaltou durante sua fala que “por mais que os conselhos tenham autonomia é importante uma padronização mínima em relação aos processos básicos do dia a dia dos conselhos”. Ele falou sobre diversos processos diários dos conselhos e sobre como melhorar essas práticas par que aconteçam de forma cada vez mais rápida e eficiente.

“A homologação é um assunto importantíssimo e que devemos estar prestando atenção. Sobre os processos administrativos, é necessário termos sempre um processo na íntegra.” Afirmou a conselheira Mônica Beraldo. De acordo com os participantes, esse assunto não se esgota no encontro de funcionários e deve ser aprofundado em outras oportunidades.

O economista Luiz Barsi Filho, presidente do Corecon-SP, é hoje um dos maiores investidores da Bolsa de Valores brasileira e ministrou uma oficina sobre como investir na bolsa. Ele começou sua fala caracterizando a renda fixa como algo que não beneficia o investidor. “A minha pretensão sempre é que todos invistam seus recursos na geração e na circulação de riqueza. Eu fiz isso, continuo fazendo e vou até meus últimos minutos de vida. Foi um projeto vencedor em função da regularidade, das prioridades que estabelecemos. Comecem a aplicar no mercado de valores, mesmo que sejam valores pequenos. No mercado ninguém fica rico de repente. É uma questão de processo, não de impacto”, apontou o investidor.

Barsi falou sobre um estudo que realizou em 1972, no qual concluiu que a Previdência não teria condições de pagar as aposentadorias de todas as pessoas. “Procurem garantir uma renda mensal que lhes proporcione uma aposentadoria digna, porque a Previdência não vai fazer isso”, afirmou. Ele explicou sua filosofia de investimentos, que busca obter uma renda mensal, e que foi apelidado de carteira previdenciária.

Prestação de Contas TCU

Em uma discussão sobre prestação de contas ao Tribunal de Contas da União, o palestrante Augusto Ferradaes, auditor do TCU desde 1996, com atuação em áreas de auditoria e prestação de contas, de coordenação de fiscalizações e de elaboração de normativos, falou que as prestações de contas estão se modificando com as novas tecnologias. “Antigamente era muito papel, a situação era grave, com informações desorganizadas, e isso gerava uma dificuldade e um custo grande para a análise. É preciso evoluir sempre e sistematizar essas informações”, afirmou Augusto.

A palestra tratou sobre as novas regras para a prestação de contas e a necessidade de um alinhamento e integração das informações sobre metas, indicadores e resultados. O palestrante, ao final de sua exposição, mostrou a todos alguns exemplos de modelos de prestação de contas.