Ana Claudia Arruda critica baixa remuneração do FGTS

Em debate promovido pela Rádio Jornal, de Recife, conselheira federal questionou o uso de recursos do Fundo para o consumo e defendeu que a remuneração seja revista

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) foi tema de um debate realizado nesta quarta-feira pela Rádio Jornal, em Recife, que contou com a participação da conselheira federal Ana Claudia Arruda. Ela questionou a baixa remuneração do fundo e o uso de recursos para finalidade de consumo.

O FGTS foi criado em 1966 para dar segurança ao trabalhador em momentos de dificuldade – como demissão, aposentadoria ou doença grave. Em 2019 foi instituída, com adesão opcional, a modalidade de Saque-aniversário. Nos últimos dias, ganhou destaque no noticiário a possibilidade de compra de ovos de Páscoa por meio de uma operação antecipando o uso de recursos do Fundo.

“É problemático. Esta criação de novas modalidades de saque tem que ser revista”, comentou a conselheira federal. “Mas também é preciso que o governo reveja a rentabilidade do FGTS. Um dos motivos dos saques é a baixa rentabilidade do Fundo. A remuneração é muito baixa ao concorrer com outros produtos financeiros. Mas a maior parte dos saques é voltada para o consumo, e isso é bastante preocupante”.

Com a modalidade de saque-aniversário, o FGTS acaba se tornando um instrumento para desafogar as finanças no momento presente. “Nós não temos a cultura do investimento de longo prazo, este é um trabalho que precisa ser feito”, observou Ana Claudia. “É preciso se programar para o futuro, rever as dívidas, fazer um orçamento, discutir este orçamento com a família e pensar no futuro, na aposentadoria. Quando as pessoas veem, já estão aposentadas e não acumularam recursos, não pensaram em fazer patrimônio”. Para Ana Claudia, o FGTS não pode perder sua finalidade de proteção ao trabalhador nos momentos difíceis.

“Se for para comprar ovo de Páscoa, ele perde a finalidade da poupança que está sendo feita. Este recurso dá uma estabilidade até para procurar outro emprego”, comentou.

Mas, para isso, a rentabilidade precisa melhorar. “O trabalhador se depara com um confronto. O dinheiro está rendendo pouco, ele poderia comprar produtos financeiros com rentabilidade mais alta. Então, se tiver chance de sacar no aniversário, ele vai sacando aos poucos. Mas muito dos saques têm sido voltados para o consumo de emergência”.

Um dos questionamentos enviados por um ouvinte do programa sugeria incorporar o FGTS ao salário. “A grande discussão hoje é qual formulação deve ser feita para o FGTS. É para atender a quem? Aos interesses dos trabalhadores? Ou da construção civil e do saneamento, para os quais estes recursos servem de funding?”, questionou. “Esperamos que haja revisão da remuneração, para que o trabalhador realmente consiga juntar dinheiro e ter uma poupança que remunere bem, e use estes recursos num momento de crise extrema, ou de doença, ou quando se aposentar, ou para comprar uma casa própria. Talvez pudéssemos encontrar outros fundings para a construção civil e o saneamento, que também são importantes, deixando que o trabalhador – que ganha tão pouco no Brasil – tenha uma remuneração melhor”.

O programa Debate da Super Manhã, com a participação da conselheira federal Ana Cláudia Arruda, pode ser escutado na íntegra clicando AQUI.