Podcast Economistas: ChatGPT e os impactos da inteligência artificial

Ferramenta lançada em 2022 colocou inteligência artificial no centro das discussões de economia e tecnologia; “economistas devem ver estes modelos como aliados”, comenta Eduardo Araújo

No dia 30 de novembro de 2022 foi lançado o ChatGPT, um sistema de inteligência artificial projetado para conversar e responder perguntas em linguagem natural. O interesse foi tão grande que em apenas cinco dias foi alcançada a marca de um milhão de usuários, número que aumentou para 100 milhões ainda em janeiro de 2023. O sucesso colocou a inteligência artificial generativa no centro das discussões de tecnologia e economia e o impacto do ChatGPT vem sendo comparado ao que foi causado pela invenção do computador e da internet.

O podcast Economistas desta semana fala sobre a inteligência artificial, e quem conversou conosco foi o economista Eduardo Reis Araújo, conselheiro federal, mestre em políticas públicas pela Universidade de Oxford, mestre em economia pela Universidade Federal do Espírito Santo e consultor do tesouro estadual do Espírito Santo.

“O sucesso tem a ver com a capacidade que este modelo tem de compreender as solicitações que são feitas em linguagem natural, e também de dar respostas satisfatórias para o ser humano. Estamos falando de modelos matemáticos treinados com infinitos parâmetros, usando uma capacidade computacional enorme. Há pouco tempo eles não eram capazes de fazer isso. A grande surpresa foi que os modelos conseguiram apresentar uma capacidade de responder a um exame correspondente ao ENEM dos Estados Unidos com uma assertividade superior a 90%”.

Eduardo Reis Araújo, economista

A inteligência artificial não é um conceito novo, mas seu uso tem tido cada vez mais aplicações. “Agora você consegue gerar imagens e vídeos de um minuto com uma capacidade cinematográfica, ampliando muito as capacidades de um sistema que antes havia sido imaginado só para conversação. É uma sofisticação muito maior”, explica Araújo.

E como o crescimento da inteligência artificial pode impactar a profissão de economista?

“Estamos falando de um sistema treinado com vários livros de economia. Imagine que ele tenha todos os livros de economia das melhores universidades do mundo e que todo este conhecimento esteja à disposição de qualquer pessoa. É bem democrático”.

Eduardo Reis Araújo

“A profissão é afetada no sentido de que algumas solicitações muito básicas podem começar a ser feitas no próprio ChatGPT. Mas, dependendo da tomada de decisões, sempre haverá uma insegurança se aquela resposta oferecida pelo modelo de inteligência artificial generativa não será passível de erro”.

Araújo também considera que os economistas precisam enxergar estas ferramentas como aliadas. “Você pode usar modelos de inteligência artificial para suprir, trazer análises e complementar conhecimentos. Hoje você consegue fazer uploads de vários arquivos PDF para ajudar a navegar em um campo específico. Não é que o assistente vá ser capaz de fazer tudo sozinho de forma automatizada. É uma ferramenta que estará ali do lado do profissional”, observa. “Para aqueles profissionais que prestam trabalhos de consultoria e têm mais atividade, faz sentido adquirir versões pagas destes modelos, porque a qualidade das respostas é muito superior”.

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