Francisca Raimunda da Costa recebe prêmio Mulher Transformadora de 2023

“Minha história começou com a proibição do meu marido, e hoje os maridos são os maiores apoiadores das produtoras de cajuína”, expressou a ganhadora ao contar sua história 

Um dos prêmios entregues pelo Cofecon na noite desta quinta-feira (1º/02), por ocasião da solenidade de lançamento do ano temático Memórias e Futuro da Economia Brasileira, foi o de Mulher Transformadora do Ano 2023. A honraria é uma iniciativa da Comissão Mulher Economista e Diversidade e, desde 2020, tem reconhecido mulheres que contribuíram para o desenvolvimento da responsabilidade social, economia solidária e empreendedorismo. 

“O prêmio Mulher Transformadora é importante porque dá evidência a mulheres que realizam uma luta diária no local em que vivem”, comentou a coordenadora da Comissão, conselheira Teresinha de Jesus Ferreira da Silva. “A ganhadora deste ano é oriunda do interior do Piauí. Lá ela conseguiu transformar a realidade de várias mulheres, empoderando-as e dando capacidade para empreenderem a partir do momento em que começam a produzir cajuína. Elas internalizaram efetivamente essa luta e colocaram no rótulo da cajuína o nome de Mulheres Guerreiras. Ela representa essas mulheres guerreiras não só do Piauí, mas de todo o Brasil, em lutar pela sua família, gerando desenvolvimento local”. 

Em 2023 o prêmio coube à agricultora Francisca Raimunda da Costa, moradora da comunidade de Samambainha, na área rural do município de Cocal de Telha, no norte do Piauí. Em 2009 ela foi à cidade para um curso de produção de cajuína, mesmo com a proibição do marido. Após o curso, ela fundou um grupo de mulheres que começaram a produzir como forma de se desenvolverem economicamente. Seu grupo ficou conhecido como a comunidade das mulheres guerreiras e empoderadas. 

“É um prêmio muito importante para nós, mulheres guerreiras. Agradeço o prêmio em nome de todas nós. Eu sempre batalhei pelas mulheres da minha comunidade. Fiz o curso e implantei ali a cajuína”, contou Francisca. “Hoje temos um projeto, nossa comunidade vem se destacando pela produção da cajuína, as mulheres plantam buscando renda para melhorar o seu dia a dia. Também incentivamos a prática do esporte e temos um time de futebol feminino”.  

Francisca Raimunda da Costa ganhadora do prêmio Mulher Transformadora 2023

“A produção ajuda não só no aspecto financeiro, mas também no convívio familiar, porque ela é uma continuação da família. Todos trabalham na cajuína: pai, mãe, filhos. Minha história começou com a proibição do meu marido, e hoje os maridos são os maiores apoiadores das mulheres que produzem cajuína”, afirma Francisca. “A cajuína, para mim, foi um passaporte. Já conheci vários lugares graças à cajuína. Não fosse por isso, eu seria uma mulher de comunidade fechada, sem conhecimento. Hoje nossa comunidade é bem vista, todos conhecem nosso trabalho e nosso projeto”. 

Francisca Raimunda da Costa, ganhadora do prêmio Mulher Transformadora 2023

Hoje, Francisca produz duas marcas de cajuína: Mulheres Guerreiras e Ouro Doce. A entrega do prêmio pode ser acessada clicando AQUI.

A escolha 

A escolha da Mulher Transformadora é feita com base em uma lista com doze nomes. Quatro deles são indicados pela Comissão Mulher Economista e Diversidade do Cofecon. Outros quatro são indicados pela Comissão de Responsabilidade Social e Economia Solidária do Cofecon. E mais quatro são indicados pela sociedade, por meio de formulário aberto e disponível até o dia 30 de junho de 2023. 

A partir desta lista de doze nomes, a votação passa para os Conselhos Regionais de Economia; entre os três mais votados pelos Corecons, o plenário do Cofecon elegeu a Mulher Transformadora de 2023, em votação realizada durante a 729ª Sessão Plenária.