Cofecon realiza evento com diretor da Secretaria Nacional de Economia Solidária

Manoel Vital Filho abordou economia solidária e desenvolvimento sustentável e defendeu um modelo que busque a felicidade humana

O Conselho Federal de Economia realizou nesta quinta-feira (14) um evento virtual para discutir economia solidária e desenvolvimento sustentável. O diretor do Departamento de Parcerias da Secretaria Nacional de Economia Solidária, Manoel Vital Filho, foi o convidado para falar sobre o assunto. A transmissão está disponível no canal do Cofecon no YouTube, acessível clicando AQUI.

“Ao longo de 2023 fizemos várias atividades para o fortalecimento da economia solidária, todas elas focadas no mercado de trabalho dos economistas”, comentou a coordenadora da Comissão de Responsabilidade Social e Economia Solidária do Cofecon, Teresinha de Jesus Ferreira da Silva. “Isso mostra a importância que o Cofecon dá a essa área, que é tão carente do trabalho dos economistas”.

Vital: “A economia é o meio para você ter condições de afirmar: eu sou uma pessoa feliz”

Vital iniciou sua fala caracterizando a relação entre a economia solidária e o desenvolvimento. “Temos que explicar que desenvolvimento é este. É um desenvolvimento sustentável, considerando que devemos trabalhar com a utilização das oportunidades e potencialidades que nosso planeta oferece, olhando na perspectiva das gerações futuras, com o ser humano no centro”, comentou. Com isso, ele contextualizou a economia solidária com base nas seguintes dimensões: desenvolvimento (olhando para os elementos econômicos, mas também para os sociais), ambiental, jurídico/institucional, cultural e territorial.

O palestrante contextualizou o modelo econômico vigente, questionando seus resultados. “Não acreditamos que um modelo que provoca uma desigualdade tão grande seja sustentável. Um modelo sustentável tem que provocar o bem viver, uma redução constante e progressiva da desigualdade, dando os direitos básicos que a Constituição afirma”, pontuou. “Não acredito em modelos em que a comida, quando há, está cheia de agrotóxicos. O alimento é para dar vida”.

Vital falou de um modelo de economia baseado na solidariedade e cooperação, com a autogestão como valor. “Esta juventude que está entrando no mercado de trabalho não quer mais um emprego como garantia de que serão felizes. Por isso defendemos um modelo que dê resultados positivos e satisfaça a ânsia dessa nova geração”, afirmou. “Desenvolvimento e qualidade de vida têm muito mais relação com a felicidade do que com a economia. A economia é o meio para você ter condições de afirmar: eu sou uma pessoa feliz. É esse desenvolvimento que nós buscamos com este paradigma chamado economia solidária”, concluiu.

Marcelo Justo, moderador do debate, destacou a ideia do modelo baseado no bem viver e na redução das desigualdades. “Estamos disputando este momento de desenvolvimento e o capitalismo está se apropriando desta ideia, dizendo que ele pode ser sustentável”, comentou. E mencionou também o comentário de Vital sobre as novas gerações: “esse novo universo de relações de trabalho menos hierárquicas atrai os jovens. O capitalismo tem aquele charme do Vale do Silício e a autogestão faz isso”.

Na ocasião, também foi apresentada uma prévia do caderno especial de economia solidária, que acompanhará a edição de dezembro da revista Economistas. O evento também permitiu divulgar o resultado do Prêmio Paul Singer de Boas Práticas Acadêmicas. Na categoria Incubação de Projetos, o trabalho “Fortalecimento da autogestão no bairro do Vergel do Lago”, realizado pela Universidade federal de Alagoas, recebeu o prêmio de R$ 4 mil. Já na categoria Assessoramento de Projetos, a vencedora foi a Cáritas Arquidiocesana de Londrina, com o assessoramento aos empreendimentos econômicos solidários na Cadeia Pública Feminina de Londrina; já o projeto de educação financeira e empreendedora aos produtores familiares, da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, receberá menção honrosa.