Cenário para redução dos juros
Os Bancos Centrais da maior parte dos países desenvolvidos atuaram de forma relativamente coordenada desde a pandemia com os seus necessários e volumosos esforços fiscais na viabilização das políticas de transferência de renda, estímulo à manutenção dos empregos e reforço ao capital de giro das empresas, que aliados aos impactos da desestruturação das cadeias de suprimento e logística de diversos setores, provocaram pressões inflacionárias que levaram a elevações globais das taxas de juros.
Recentemente, notícias positivas no front externo com a tendência de alta na atividade econômica na Europa e nos EUA, combinadas com a redução das pressões inflacionárias, levam a crer que se aproxima o início do ciclo de estabilidade e queda nas taxas de juros. Houve uma reversão das desestruturações das cadeias de suprimento e logística e uma redução no preço das matérias primas.
A autoridade monetária nos EUA, o FED, manteve estável a sua taxa básica entre 5% e 5,25% ao ano, já que passou a prever uma desaceleração mais lenta e um desemprego menor que os antes previstos, embora a projeção seja para que a inflação permaneça acima da meta anual de 2% até 2025. Foi sinalizado que, apenas caso ocorram novas pressões inflacionárias, poderia haver novas elevações nos juros no segundo semestre.
A elevação no fluxo de capitais para os países emergentes já faz parte da sinalização da percepção do mercado para a nova tendência na curva de juros.
Duas fontes de riscos são, por um lado o risco de aprofundamentos em conflitos geopolíticos que impactem nos preços das energias e matérias primas, e por outro lado o risco que a retomada econômica da China seja mais lenta que a esperada.
O front interno aliou uma retomada da economia, graças ao setor agropecuário e a um desempenho positivo para o comércio exterior. A aprovação do arcabouço fiscal e da reforma tributária poderiam ser os elementos que faltavam para a construção de um cenário mais otimista.
Esse cenário pode abrir espaço para uma redução mais forte e sobretudo mais rápida nas taxas de juros brasileiras.
Lauro Chaves Neto – Presidente da Academia Cearense de Economia, Professor da UECE e PHD em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional.