Desaceleração da Economia Mundial

Por Lauro Chaves Neto*

A OCDE revisou a sua estimativa de crescimento da economia global de 4,4% para 3,3% em 2022, já para 2023 a projeção é de 2,8%. Esse ajuste para baixo é resultado da rodada de elevação da taxa de juros em diversos países, como resposta às pressões inflacionárias.

Essa pressão  é  real, tanto por choques de oferta, consequência da desorganização de várias cadeias de produção e logística, das questões de grãos, petróleo e gás, decorrentes da guerra da Ucrânia; como também por choques de demanda decorrentes da elevação mundial de gastos públicos, ocorridos desde o início da pandemia.

Entre os “emergentes”, Brasil e Rússia puxam a média para baixo, enquanto China e Índia para cima. Deve-se ressaltar as modestas expectativas em relação aos EUA (1,2%) e Zona do Euro (1,6%). Uma recessão americana, o agravamento das condições sanitárias na China e o prolongamento da Guerra da Ucrânia apresentam-se como os principais riscos de uma desaceleração ainda mais aguda no mundo.

Diante disso as previsões de crescimento da economia brasileira têm ficado, na média, de aproximadamente 1,7% a 2% em 2022. A desaceleração, prevista para os últimos dois trimestres do ano, deverá ser amenizada pelas medidas aprovadas, que geram uma injeção no consumo, principalmente, na periferia das grandes cidades e nos pequenos municípios. Embora exista o contraponto de que os efeitos da elevação dos juros se farão sentir de forma mais forte.

Deverá existir recessão nos EUA, a dúvida é quanto à sua duração e ao seu modo posterior de recuperação. Já a China, também deverá superar a nova crise sanitária, a questão é saber qual a magnitude do impacto na atividade econômica.

Em um cenário alternativo e mais pessimista, com o prolongamento da recessão americana e a China, mais uma vez, tendo a economia impactada negativamente pelo COVID, o eixo externo passaria a pesar tanto ou mais que o interno nas expectativas. Existe também uma probabilidade de um cenário positivo e mais agradável, com uma queda mais rápida da inflação que permita o início de um movimento de queda nos juros, uma redução da incerteza fiscal e uma elevação no preço das nossas principais commodities.

*Lauro Chaves Neto – Professor da UECE, PHD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona e Presidente da Academia Cearense de Economia.

Artigo originalmente publicado no jornal O Povo