Cofecon projeta gasto de R$ 700 bilhões com juros da dívida neste ano

Por Fabio Graner*

O Conselho Federal de Economia (Cofecon) prevê que o gasto com juros da dívida pública vai dar um salto de 56% ante 2021 e chegar em R$ 700 bilhões, próximo de 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o presidente da entidade de classe, Antônio Corrêa de Lacerda, isso é reflexo dos excessos que estariam sendo cometidos pelo Banco Central na gestão da política monetária.

O economista, que também faz parte do grupo que tem dado contribuições teóricas para a formatação do programa de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aponta que a estratégia econômica atual está errada por apostar só no uso da taxa Selic como instrumento de combate à inflação. Além disso, salienta, as metas para o IPCA neste e nos próximos anos estão muito baixas, o que acaba estimulando ainda mais um uso exagerado dos juros, que tem implicações fiscais relevantes para o aumento do endividamento público.

“O Brasil é o país que mais subiu juros no mundo”, afirmou Lacerda. Segundo ele, o Cofecon não tem uma proposta de nível ideal de meta de inflação, apesar de considerar que as atuais estão muito apertadas.

Para o diretor de política econômica do Cofecon, Fernando de Aquino, o Brasil deveria ter uma ação mais incisiva para controlar preços de combustíveis por meio da Petrobras. Além disso, deveria trabalhar com estoques reguladores, políticas de ampliação de capacidade de geração de energia elétrica limpa e mais barata do que as usinas termoelétricas, além de interferir na curva de juros mais longa para sobrecarregar menos a taxa Selic no âmbito do esforço de combate aos preços.

*Analista de economia do JOTA em Brasília.