Newton Marques e José Oreiro discutem o Plano Biden no XXIV CBE

Durante a palestra “Estratégia econômica do Governo Biden”, que foi ministrada no XXIV Congresso Brasileiro de Economia, os economistas e doutores Newton Marques, membro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal, e José Luis Oreiro, professor associado do departamento de economia da Universidade de Brasília, afirmaram que uma das preocupações do presidente norte-americano é a distribuição de renda.

Newton Marques afirma que as prioridades do governo Biden incluem elaborar um projeto de infraestrutura moderna sustentável contemplando um futuro com energia limpa e com inclusão social que poderá ser aproveitado até 2050 e priorizar a criação de processos de trabalho para gerar milhões de empregos com base na relação entre sindicatos e trabalhadores, devidamente intermediados pelo Governo ao longo do seu governo.

“Outras metas seriam a de estimular a concorrência norte-americana por meio de incentivo do uso de tecnologias em atividades essenciais com vistas a evitar o predomínio das concorrências asiáticas e europeias, principalmente da atuação hegemônica da China e estabelecer as alíquotas dos impostos sobre pessoas físicas mais ricas e jurídicas, que tinham sido reduzidas no Governo Trump”, afirmou Marques.

O economista e membro do Corecon-DF ressalta que tais prioridades apontam para um reconhecimento de que a intervenção do Estado na economia dos EUA é condição necessária para que seja alcançado o crescimento econômico auto-sustentado com recursos orçamentários. “Para isto o Plano Biden prevê orçamento de investimentos de US$ 6 trilhões a ser dividido em fases de acordo com propostas orçamentárias a serem aprovadas no Congresso”.

Mas como ficará a situação fiscal dos EUA com o Plano Biden? Newton Marques traz dados que apontam que a previsão é de que o déficit fiscal estimado para 2022 será de US$ 1,8 trilhões, e até 2031, está estimado em US$ 1,6 trilhões anuais. A dívida pública chegaria a 120% do PIB, em 2031, o que ultrapassa o recorde observado durante a Segunda Guerra Mundial”, explica o economista.

José Oreiro questionou se o que se está observando não seria um novo “New Deal”, que foi uma série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937, sob o governo do presidente Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, além de auxiliar os prejudicados pela Grande Depressão.

“A segunda carta de direitos que foi proposta por Roosevelt, e não foi aprovada, previa que todo americano teria o direito à um emprego, à um salário que pudesse dar condições decentes de vida, moradia, assistência médica, seguridade social e econômica durante períodos de doença ou de idade avançada e uma e boa educação”, explicou Oreiro.

Oreiro ainda trouxe dados que mostram que no mês de setembro de 2020, período do fim do governo Trump, quase 700.000 americanos pararam de procurar empregos por conta da escassez e simplesmente saíram da força de trabalho. “Essas pessoas não são contadas na taxa de desemprego”, destacou o professor da UnB. “De forma mais ampla, o tamanho da força de trabalho caiu para 160,1 milhões naquele mês de setembro de 2020, de 164,5 milhões em fevereiro de 2020”.