Carta de São Paulo – Pelo Retorno a um crescimento inclusivo

De 8 a 10 de setembro de 2021 realizou-se de forma virtual em São Paulo, o XXIV Congresso Brasileiro de Economistas, contando com cerca de 120 palestrantes nacionais e internacionais, das mais diversas correntes de pensamento econômico e mais de 1500 congressistas. Sob o grande tema “Perspectivas para a Economia Brasileira Pós-pandemia”, houve palestras e mesas redondas sobre os mais relevantes problemas brasileiros: política macroeconômica, tributação, distribuição de renda e combate à pobreza, inflação e papel do Estado dentre outros.

O quadro atual é preocupante. O PIB retornou aos níveis anteriores à pandemia, mas os 50% mais pobres da população acumulam perda de 21,5% em suas rendas, entre o último trimestre de 2019 e o segundo trimestre de 2021, de acordo com estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Outro estudo, da mesma FGV, identifica o que a literatura considera um grande salto de desigualdade, com o índice de Gini, no primeiro trimestre de 2021, alcançando o maior nível da série histórica iniciada em 2012.

Contribuem para a continuidade da retomada cíclica da economia o avanço da vacinação e o controle da inflação. No médio prazo, estimular investimentos públicos e manter os programas de concessão, fortalecendo o marco regulatório setorial, é essencial para melhorar a infraestrutura e permitir maiores ganhos de produtividade. As reformas econômicas devem buscar a modernização e aprimoramento das instituições e marcos jurídicos.

Vale alertar que o uso eficiente dos recursos públicos, cortando privilégios e evitando desvios e desperdícios, é fundamental para que a capacidade produtiva não se esgote sem ganhos de produtividade, como tem sido a marca de nossa história recente de baixo crescimento.

A sustentabilidade e celeridade do crescimento requer que o país volte a elevar continuamente a produtividade, o que depende da incorporação de tecnologia e inovações. Para tanto, são necessárias políticas que a promovam, não só assegurando financiamentos, mas com programas de metas, incentivos e articulação dos atores envolvidos, abrangendo o sistema educacional, de pesquisa e produtivo.

Nos últimos dias tem havido turbulência nos mercados financeiros gerada por excesso de instabilidades políticas e institucionais. Nesse sentido vale dizer que a economia não se dissocia da política. O respeito aos princípios do estado democrático de direito é basilar para a construção de uma sociedade mais justa.

Nossos desafios para recuperarmos o crescimento robusto e inclusivo são amplos. Está mais que na hora de construirmos consensos em torno de uma nova agenda para o País. Não há tempo a perder!