Artigo – Sustentabilidade: O Planeta Terra pede Socorro

Por Nancy Gorgulho Braga – PhD. em Business Administration pela Flórida Christian University-FCU/USA; mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP), pós-graduada em Economia do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e graduada em Economia pela PUC-Campinas. Professora de graduação, pós graduação e MBA; ex-conselheira do Corecon-SP; ex-presidente do CORECON-SP; diretora institucional do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo; membro efetivo do Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU); Coordenadora do Fórum Paulista da Mulher Economista, pelo Sindecon-SP, desde 2017; autora de livros, apostilas e artigos na área de Economia.

 

Na Natureza há um eterno viver, um eterno devir, um eterno movimento, embora não avance um passo. Transforma-se eternamente, e não tem um momento de pausa. Não sabe deter-se, e cobre de maldições a pausa. No entanto está parada, o seu passo é comedido, as suas exceções raras, as suas leis imutáveis…

Goethe (Die Natur, 1780)

 

Historicamente falando, com toda a evolução tecnológica e a modernização que ela proporciona, esta sempre esbarra nos limites da escassez e com isso surgem as ameaças ao mundo e à população de um modo geral.

Sabe-se que o desenvolvimento da sociedade em determinados contextos, sempre foi dependente da consideração dos riscos e da sua real possibilidade de efetivação.

Ao longo da história a humanidade aprendeu a alterar intensamente o Planeta Terra, para supostamente viver melhor, pela ilusão de nós homens sermos donos e senhores da natureza, mas nunca com tanta velocidade como nos últimos 50 anos.

Hoje, a natureza parece estar se vingando da ação do homem.

Segundo dados da ONU, estima-se que até o fim do século XXI a temperatura da Terra deve subir entre 1,8°C e 4 °C, o que aumentaria a intensidade de tufões e secas e ameaçaria um terço das espécies do planeta.

Nos próximos 30 anos estima-se que haverá mais 3 bilhões de habitantes no planeta. Haverá água? A escassez de água vem sendo tratada como o problema do século. E o lixo gerado?

Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões de desenvolvimento dos países do Hemisfério Norte, aumentaria em 10 vezes a quantidade de combustíveis fósseis e aumentaria em 200 vezes a de recursos minerais.

Sabe-se ainda que, desde o século XVIII, com a Revolução Industrial, devido ao crescimento econômico, os países do Hemisfério Norte detêm hoje 4/5 da renda mundial e possuem 1/5 da população do planeta, enquanto os países do hemisfério sul, com 4/5 da população do planeta ficam com 1/5 da renda mundial, conforme demonstrado no gráfico abaixo.

Por essa distribuição de riqueza, observada no gráfico acima, depreende-se que poucos milionários do Planeta concentram cada vez mais o poder econômico, mas, o prejuízo causado por suas atividades é dividido por todos os cidadãos da Terra. Os mais pobres pagam mais caro e nunca usufruíram e talvez nunca usufruirão do lucro gerado pela produção capitalista. O que sobra para eles são os impactos e as consequências dos produtos criados, principalmente dos eletrônicos.

Com relação ao consumo, os países do hemisfério Norte consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da madeira produzidos no mundo. O desenvolvimento é vital para os países mais pobres, mas o modelo ou o caminho a ser seguido não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados.

“O mundo que criamos hoje, como resultado de nosso pensamento, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se pensarmos da mesma forma que quando o criamos” (Albert Einstein)

A natureza é vingativa? O planeta não suporta mais o gasto descontrolado, insustentável e inconsequente dos recursos naturais.

A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento econômico capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais para o futuro.

Vários países e Organizações Internacionais se mobilizam na busca de soluções para a difícil equação: estimular o crescimento econômico sem prescindir das bases do desenvolvimento sustentável e pressionam o mundo direta e indiretamente a apresentar uma nova identidade.

O problema dos limites ao consumo leva à reestruturação dos próprios valores da nossa sociedade para que ela seja uma Sociedade Sustentável. Nos conceitos novos envolvidos há a: Interdependência da vida (não há possibilidade de saúde aos humanos se não houver a saúde ambiental), e a Co-dependência (não há como ser saudável comendo seres vivos que não são saudáveis).

Sociedade Sustentável é um todo, trabalhando a favor da vida, pois somos parte integrante da natureza. Os megadesafios devem ser enfrentados, pois precisamos zelar pelo Planeta Terra para que ele continue sendo o Planeta Vida!

Referências Bibliográficas.

BARROS, Beatriz F., Artigo: Mar do Descaso, Jornal Folha do Meio Ambiente, Brasília, DF Janeiro/Fevereiro de 2009, Ano 20- nº 196. 

BEZERRA, M. C. L.; FERNANDES, M. A. (Coords.). Cidades sustentáveis: subsídios à elaboração da Agenda 21 brasileira. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 2000.

BRAGA, Nancy G., Desenvolvimento Sustentável: “Reflexões sobre a Água, um bem vital e Água Virtual, um bem econômico”. Revista Fipep, v.8 nº 1. Janeiro a Junho ano 2008.

BRAGA, Nancy G., “TSUNAMI DIGITAL: A Revolução Científica e Tecnológica” Editora Estilo, Campinas, 2005.