Artigo – Economia brasileira: nebulosidade resistente

Não só os brasileiros mas também grande parte de outros moradores do mundo questionam por que a nebulosidade da economia brasileira persiste ao longo dos anos, décadas e séculos.

As raízes dessas dúvidas são o potencial do País, desde que foi descoberto, destacando-se o amplo e fértil território, costa marítima, riquezas minerais, florestas, população miscigenada e outros.

A grande e teimosa pergunta é : Então, porque, com todo esse potencial, o País ainda não está no topo do destaque ?

De modo simplificado, três fatores predominaram na construção desse cenário: 1) A corrupção histórica e velhinha (desde a colonização); 2) A qualidade da gestão pública; 3) A ausência das valiosas “ Comunidades Cívicas”.

Um dos atos simbólicos da corrupção histórica foi o assalto aos cofres públicos pelos portugueses, levando os recursos públicos (moedas, metais valiosos e outros), chegando a quebrar o Banco do Brasil da época.

A má qualidade da gestão pública, concentrada nos interesses particulares dos governantes diretos e aproximados, com amplos poderes, mas não focalizando o interesse do País, permitiu o parto de uma cultura passiva e tolerante à má gestão e à corrupção.

O resultado disso foi a passividade, a leniência e a ausência das valiosas “Comunidades Cívicas”, que têm como pilares a participação,  a colaboração e a responsabilidade.

Quando o princípio da “ Comunidade Cívica” está presente, não só o direito da sociedade é concedido como a responsabilidade dos governantes é praticada. A sociedade não cobra coisas indevidas e os governantes não praticam corrupção e má gestão.

Se essas práticas fossem executadas, em pouco ou médio tempo teríamos as contas públicas normalizadas (dívida pública e despesas governamentais reduzidas e mais recursos sobrariam para as atividades básicas (saúde, educação, segurança, infraestrutura e outras).

Ao reduzir drasticamente a carga tributária, a população teria maior poder de consumo e de investimento, facilitando não só o poder de crescimento como de desenvolvimento do País.  Para clarear o termo, salientamos o conceito valioso de Walter W. Rostow: “Desenvolvimento é um processo inédito e irreversível de mudança social, através do qual se instaura numa região um mecanismo endógeno de crescimento econômico cumulativo e diferenciado”.

Diante de toda essa teimosa  nebulosidade, o País está num momento importante e decisivo para aproveitar a oportunidade. A sociedade deseja que o esforço do atual Governo seja compreendido e que o rumo adequado seja seguido. Ao mesmo tempo em que a sociedade deseja a sobrevivência e saúde da democracia, não podemos esquecer que os interesses particulares, pessoais e políticos, podem dificultar a tomada do rumo certo. A excessiva dimensão do legislativo (onerosa e inconveniente Câmara com 513 deputados, tem espaço para reduzir 50% , sem prejuízo para o desempenho. Uma secretaria técnica que atendesse a todos os deputados contribuiria para a redução dos gastos da instituição e a melhoraria a eficácia).

Sem ingenuidade, todos sabemos que os inadequados  interesses particulares dificultam a adoção dessas e de outras medidas. Mas, predominando o interesse pela responsabilidade, precisamos acreditar na possibilidade. Escolher bem os candidatos futuros, acompanhar  e cobrar seu desempenho é importante. E que cada candidato liste e destaque sua contribuição para merecer o voto do eleitor.

Que o esforço do atual governo siga a rota  valiosa.

Humberto Dalsasso –Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.