Solenidade de posse do Cofecon ocorreu no dia 31 de janeiro, em Brasília

O presidente do Cofecon, Wellington Leonardo da Silva, foi reconduzido ao cargo em solenidade realizada nesta quint-feira, 31 de janeiro de 2019. O evento ocorreu no Hotel Nacional, em Brasília, e empossou o economista Antonio Corrêa de Lacerda como vice-presidente da autarquia, além dos conselheiros federais efetivos e suplentes para o triênio 2019-2021. Cerca de 150 pessoas prestigiaram a cerimônia.

Foram empossados como conselheiros efetivos os economistas Clóvis Benoni Meurer (RS), Denise Kassama Franco do Amaral (AM), Heric Santos Hossoé (MA), Lauro Chaves Neto (CE), Maurílio Procópio Gomes (AL) e Paulo Dantas da Costa (BA). Como conselheiros suplentes, Bianca Lopes de Andrade Rodrigues (RO), Eduardo Reis Araújo (ES), Henri Wolf Bejzman (RS), Nei Jorge Corrêa Cardim (BA), Paulo Roberto de Jesus (SC) e Teresinha de Jesus  Ferreira da Silva (PI).

A mesa de honra foi composta pelas seguintes entidades, além do presidente e vice-presidente do Cofecon empossados na ocasião: o presidente do Sindicato dos Economistas do Rio de Janeiro e presidente do Cofecon em 2005, economista Sidney Pascoutto da Rocha; o senador Roberto Requião; o deputado federal Glauber Braga; o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner; a vice-presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, Noemia Garcia Porto; a ativista de direitos humanos e companheira da vereadora Marielle Franco, Mônica Benício; o ex-vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento estabelecido pelo BRICS e ex-diretor executivo do Fundo Monetário Internacional, Paulo Nogueira Batista Júnior; e a membro da Diretoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Marina dos Santos.

Primeira a fazer uso da palavra, Noemia Porto afirmou que a Anamatra considera extremamente importante aquilo que o Conselho representa para os economistas e para o exercício profissional digno, de um trabalho digno e relevante dos profissionais para o país. “Desejo sorte ao novo presidente e o desafio de pensar que a questão do trabalho transcende os interesses individuais de cada profissional. Será, sem dúvida, papel do Conselho tratar essas demandas individuais e transformá-las em demandas coletivas, não apenas no coletivo dos economistas, mas no coletivo da sociedade”, disse.

Paulo Nogueira Batista Júnior falou sobre o papel do economista na sociedade. “É muito importante que tenhamos objetividade. O óbvio às vezes precisa ser homenageado e me pergunto se o requisito da objetividade é tão óbvio assim, porque pode ser confundido com ser desapaixonado. A objetividade não é fácil de se alcançar e o que atrapalha muito os economistas e outros profissionais é o fator ideologia. Nosso papel como economista é fazer certas diferenciações, esclarecer, mas sem querer aparentar uma neutralidade que ninguém tem”, observou.

O senador Roberto Requião disse que vivemos tempos  de instabilidade e extrema complexidade. “É um tempo de declínio de propostas políticas abrangentes tendo em vista o reflexo no plano ideológico das contradições da ideologia com o mundo real. Mas é também um tempo de renascimento e de recuperação das ideias originais do Estado moderno sobre as quais somos desafiados a construir um novo momento da modernidade”, refletiu o senador do MDB-PR.

Glauber Braga, deputado federal pelo PSOL-RJ, elogiou a pluralidade de pensamentos no Conselho Federal de Economia e afirmou que a autarquia representa a diversidade e a coragem para combater o pensamento único. “O enfrentamento ao pensamento único ocorre quando a gente vê os principais meios de comunicação do Brasil e os questiona”, disse.

Marina dos Santos, do MST, elencou as lutas que, em sua visão, devem ser priorizadas, entre elas a educação pública de qualidade para todos, a defesa dos direitos trabalhistas, as questões agrárias em defesa dos sem terra, indígenas e quilombolas,  respeito às mulheres e igualdade de gênero contra o feminicídio, denunciar as injustiças do poder Judiciário em todas as instâncias e defesa do funcionalismo público.

Sidney Pascoutto chamou a atenção para o papel social dos economistas. “Se não tivermos  propostas, um projeto de desenvolvimento que crie para os setores populares uma perspectiva de mobilidade social, uma perspectiva de futuro, esse país terá acentuada a condição de “barril de pólvora”, com risco de crescimento exponencial da violência. A televisão entra nas casas dos setores populares, mostram todas as novidades do vestuário, as novidades tecnológicas… será que o os “donos do poder” acham que a juventude originária dos setores populares ficarão indiferentes ao não disporem de salários dignos, de renda para terem acesso a essas novidades?” 

escolas que chamem a atenção da juventude para o sonho e para a perspectiva de mobilidade social, não haverá perspectiva de futuro para os jovens. Precisamos trabalhar para construirmos um país diferente, onde se possa sonhar, cheguar à comunidade e ver que os jovens estão estudando e crescendo profissionalmente”, disse.

Dom Leonardo Steiner afirmou que economia tem a ver com relações e com a sociedade. “Existe economia porque existem pessoas, relações, trocas, mas nós perdemos o horizonte da economia que precisa cuidar do ser humano. A economia está a serviço do ser humano mas nós, devagar, estamos nos colocando a serviço da economia. Não da economia, mas do mercado. E a economia não está sendo suficientemente crítica, assim como os economistas, para perceber a necessidade de uma nova postura”, observou.

Homenagem a Marielle Franco

O Cofecon prestou homenagem a Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, defensora dos Direitos Humanos, das mulheres e da população negra, LGBT e das favelas, que participou da solenidade de posse do Cofecon em 2018. Em março do ano passado foi brutalmente assassinada e até hoje o caso não foi solucionado. Durante o evento, foi exibido um vídeo com trechos do discurso feito por Marielle no último ano. Em seguida, Mônica Benício recebeu uma placa de homenagem póstuma para a vereadora.

Em seu discurso, Mônica afirmou que não há democracia no Brasil enquanto o assassinato de Marielle Franco não for solucionado. “A economia, assim como outras áreas de ciência no Brasil, é dominada por homens de elite branca, e é vista e pensada como uma ciência de números. Mas a homenagem vinda hoje do Cofecon a uma mulher negra, favelada, periférica, que sempre lutou pelos direitos humanos e pelas mulheres negras, mostra que nem todos os espaços são assim e que a economia pode e deve ser pensada como uma ciência social.

Encerrando os discursos da noite, o vice-presidente do Cofecon destacou dimensões relevantes no que se refere à atuação dos economistas e como entidade representativa dos economistas, tendo em vista momento internacional e nacional. “A primeira delas é no âmbito das políticas econômicas. As escolhas de políticas econômicas são fundamentais para o nosso destino. No momento atual tem sido vendido à sociedade brasileira um política ultraliberal que teria respaldo na Escola de Chicago”, disse.

Por fim, o presidente do Cofecon, Wellington Leonardo da Silva, destacou que há um ano o cenário político-econômico não era nada animador, e que não foi alterado de forma significativa. “Na verdade, em muitos aspectos as coisas pioraram muito. A onda conservadora deflagrada pelos representantes da direita internacional logrou vencer eleições em vários países, alçando representantes do atraso aos postos de comando em várias nações importantes, tentando implantar ações xenófobas, racistas, homofóbicas, retrógradas, inclusive no que diz respeito aos direitos humanos fundamentais”, observou.