Artigo – Arriba, México!

Na última segunda-feira os mexicanos viram, pela enésima vez, a seleção de seu país cair nas oitavas de final da Copa, dessa vez para o Brasil. Não obstante terem montado uma equipe competitiva e feito um jogo de igual para igual com o pentacampeão mundial, prevaleceu o tabu, pois desde a Copa de 1986 os mexicanos não avançam para as quartas de final.

Mas azar no jogo, sorte na política. Na véspera, outro tabu havia caído. Pela primeira vez na história do país, um candidato de esquerda venceu as eleições presidenciais. A consagradora vitória de López Obrador, com 53% dos votos, pode estar abrindo uma virada política na América Latina, após um período de prevalência neoliberal.

Obrador foi eleito com base em um programa progressista, prometendo revogar um conjunto de medidas neoliberais impostas pelo atual presidente, incluindo a privatização do setor de óleo e gás; aumentar a tributação sobre os mais ricos; e implantar programas de combate à desigualdade social e à pobreza, que atinge 53 milhões de mexicanos, mais de 40% da população.

Na Colômbia, os 44% dos votos obtidos por Gustavo Petro, na primeira vez que um candidato de esquerda foi ao 2º turno no país, já apontavam essa maré progressista. Também na Argentina o neoliberalismo está em baixa. Em menos de três anos de Governo Macri, o desempenho da economia local está pior que o desempenho da seleção de Messi. Após colocar a economia do país em retração, Macri foi buscar ajuda no FMI. Já é dada como certa sua derrota nas eleições de 2019. O fato é que o neoliberalismo faz mal à economia e ao povo, e só agrada mesmo ao mercado financeiro e aos mais ricos.

No Brasil, a agenda liberal do Governo Temer, do MDB/PSDB/Centrão, recebe o amplo repúdio da esmagadora maioria da população, que deseja um governo que privilegie os interesses dos trabalhadores e do povo em geral, vontade que ainda permanece presa em Curitiba.


Júlio Miragaya, vice-presidente da Associação dos Economistas da América Latina e Caribe