Artigo – O defensor dos ricos
Quando o notável cineasta grego Costa-Gavras lançou o filme “O Quarto Poder – Mad City”, em 1997, a influência e o poder de manipulação da grande mídia já eram objeto de intensos debates. Afinal, por mais que as pessoas sejam diariamente “bombardeadas” com informações manipuladas, até que ponto a avaliação crítica e a sabedoria popular são resistentes às versões midiáticas?
O caso do impeachment de Dilma parece exemplar. No final de 2015, os grandes empresários deste país, liderados pelo capital financeiro, se convenceram que Dilma e Levy haviam fracassado na tentativa de impor um ajuste nas contas públicas na dimensão que eles desejavam e iniciaram o processo de fritura, culminando no impeachment. Imediatamente a grande mídia passou a “vender” ao povo a ilusão de que o governo Temer poria fim à corrupção e faria a economia voltar a crescer, gerando empregos, aumentando a renda e reduzindo o déficit público.
Mas nada disso aconteceu: o PIB despenca numa intensidade ainda maior; a renda idem; o desemprego aumenta a cada mês; o déficit público foi recorde e os maiores corruptos despacham nos gabinetes do Planalto. O que o povo viu de novidade foi a agenda do ajuste, muito mais dura que a tentada por Dilma, virar o único propósito do Governo Temer.
Não surpreende, portanto, que, segundo pesquisa Datafolha em dezembro, nada menos que 74% da população achem que o governo Temer está pior ou igual ao de Dilma e apenas 21% considerem que está melhor e que somente 10% achem o Governo Temer ótimo/bom. E não poderia ser diferente, pois 58% o acham desonesto, 65%, falso e 75%, defensor dos ricos.
Com a aprovação pelo Congresso Nacional de profundos cortes nos gastos sociais (PEC 55) e com o “fim do direito à aposentadoria dos mais pobres” (proposta de Reforma da Previdência), ficará ainda mais evidente para o povo o real propósito do Governo Temer: governar para os mais ricos.