Realizado pelo Corecon-PR, debate traçou panorama para a economia em 2017

MEsa ACP Foto Sans 007O debate “Discutindo Economia” é realizado anualmente pelo Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon-PR) para traçar um panorama de desempenho dos principais setores do mercado. Neste ano, ocorreu no dia 7 de dezembro, na Associação Comercial do Paraná (ACP), e teve como convidados especialistas econômicos da ACP, Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio) e Organização das Cooperativas do Paraná (OCEPAR). Durante a discussão, os participantes também apontaram alternativas para melhorar a vida das empresas e reduzir o nível de desemprego.

Segundo o economista e conselheiro do CORECONPR Lucas Dezordi, para que o País se recupere de vez é preciso muito mais do que ajustes técnicos. “É necessário restabelecer o equilíbrio político e arranjar fatores institucionais consistentes que permitam boas perspectivas a longo prazo” diz ele, lembrando que estas caíram, gradativamente, nos últimos 4 anos. “Quando um país melhora as expectativas oportuniza também maior capacidade de tirar da gaveta e pôr em prática projetos a longo prazo, que são fundamentais para melhorar grandes indicadores, como produtividade, poupança, investimento e emprego.

Emprego – De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese, ainda não é possível saber se haverá redução do desemprego em 2017. “Isso vai depender de questões político-econômicas e, mesmo que as empresas comecem a se recuperar, elas não voltarão a contratar com muita rapidez. Ele também ressaltou que houve aumento significativo da informalidade no mercado de trabalho e diminuição da renda. O desemprego teve forte alta em 2015 e disparou em 2016, chegando a uma taxa de quase 12%, de acordo com o IBGE.

Indústria 4.0 – O economista Roberto Zurcher, da FIEP lembrou que esse é o setor da economia que mais teve queda no País nos últimos tempos e que, enquanto o mundo cresce acima de 3% ao ano, o Brasil desacelera. “Nossos problemas são domésticos, em função de modelos ultrapassados que geram excesso de burocracia e tecnocracia, com benefícios somente a favor de interesses do setor público. É preciso deixar de usar modelos baseados em superestruturas hierárquicas que não funcionam mais.”

Ainda de acordo com ele há uma nova tendência mundial chamada de “Indústria 4.0” e seu impacto será maior do que todas as revoluções industriais anteriores juntas, proporcionando um aumento significativo na economia doméstica dos países que estiverem preparados para esse novo cenário. “O Governo Brasileiro ainda não aderiu a esse novo modelo. É preciso ser criativo para sair da crise e produtivo para sair da pobreza”, observa.

Cooperativismo e Agronegócio – Mesmo com a economia em dificuldade, o setor do cooperativismo no Paraná tem números bem positivos. A projeção de crescimento é de 14,4% ao ano, e o segmento deve fechar 2016 com um faturamento de R$ 69 bilhões. O Sistema tem hoje 1,3 milhão de cooperados, gera mais de 2,6 milhões de postos de trabalho e alcança 3 milhões de pessoas – associados, colaboradores e familiares. Segundo o economista do SESCOOP/OCEPAR, Emerson Barcik, em 2019 o Sistema deve faturar R$ 100 bilhões/ano. Atualmente são 220 cooperativas, com destaque para o setores de Agropecuária, Saúde e Crédito. Barcik lembrou que 56% da produção agropecuária do país passa pelas cooperativas paranaenses.

Expectativa Safra – A expectativa de produção de Soja, Milho e Trigo também é positiva, com 2 milhões de toneladas na Safra 2016/2017. NA safra anterior o país colheu 186,4 milhões de toneladas. Há uma projeção de ampliação de 18% na área de plantio do Milho no Paraná e produção 30% maior em relação à safra anterior.

Comércio – De acordo com os economistas Claudio Shimoyama, da ACP, e Vamberto Santana, da Fecomércio, este é o setor que continua a ter mais capacidade para se amoldar às mudanças da economia e, portanto, continuar a crescer. Um exemplo são as datas comemorativas como Black Friday e Halloween, que vêm fazendo sucesso no País, e também o crescimento do e-commerce, ações que têm estimulado o consumidor a comprar.

Por outro lado, o cliente também está mais exigente, uma vez que em tempos difíceis valoriza mais o dinheiro que tem no bolso. Quer um bom atendimento, preço baixo e qualidade. Segundo eles, neste caso, além de oferecer também novidades e buscar mais estratégias é necessário estudar melhor o mercado e a economia.  “Temos que produzir aquilo que se vende e não vender aquilo que se produz”, diz Claudio Shimoyama (ACP). “E o desafio não é atrair, mas sim manter os clientes”, recomendou.

Inadimplência – Entre os dados apresentados por Claudio Shimoyama durante o debate chama a atenção o aumento da inadimplência gerada por pessoas acima de 60 anos. Segundo ele, entre os fatores que contribuem para esse quadro estão o baixo valor da aposentadoria, gasto com medicamentos e a tomada de crédito consignado e apoio financeiro a familiares. Por outro lado houve diminuição da inadimplência entre jovens de 17 e 19 anos, devido à redução de pessoas empregadas nessa faixa etária.


* Texto enviado pela assessoria de imprensa do Corecon-PR.