Artigo – Piorou com Temer 1 – Economia

Inicio nesta semana uma série de quatro artigos nos quais faço um breve balanço desses sete para oito meses de governo Temer. Começo com o tema Economia e tratarei nas próximas semanas das dimensões social, política e ética.

Para os que têm pelo menos dois neurônios no cérebro, é óbvio que o afastamento da ex-presidente Dilma não decorreu das tais “pedaladas”, e sim da crise econômica em que o País mergulhou, sem perspectivas de saída com Dilma no comando. Mas como não havia previsão de impeachment em função de mau resultado na economia, as “pedaladas” foram o pretexto utilizado.

A ousada aposta dos “golpistas” era de que o povo engoliria a tese de que a crise econômica era uma criação do governo do PT e que, ao afastá-lo do comando do País, a economia rapidamente se recuperaria. Ingenuidade ou má fé?

Os números, contudo, mostram a cada semana que o quadro econômico vem se deteriorando. A grande mídia tenta incutir no povo um sentimento de otimismo e, a cada dia, divulga um novo aumento nos índices de confiança dos empresários e dos consumidores. Ocorre que os crescentes índices de confiança dos empresários não se materializam em ampliação dos investimentos e tampouco os índices de confiança dos consumidores se expressam em aumento da demanda. Tudo não passa de retórica barata que desaba como castelo de cartas.

As previsões para 2017 vão piorando a cada mês. Em maio, após o golpe, as previsões dos analistas do mercado era de que o PIB em 2017 cresceria 2,5%. A previsão foi caindo semana a semana e agora está em menos de 1%. Algumas instituições internacionais já preveem queda do PIB em 2016 de quase 4% e pífio crescimento de 0,5% em 2017. Prevejo crescimento zero em 2017, mas não me surpreenderia se no próximo ano tivéssemos novo crescimento negativo.  Aguardam-se as explicações dos otimistas de plantão.


Júlio Miragaya, presidente do Conselho Federal de Economia.