Artigo – A queda no preço do petróleo: o lado positivo

A recente brutal queda no preço do petróleo, com negativas consequências à economia dos países produtores, dentre os quais o Brasil, induz à reflexão consistente. Não se desconhece a contribuição positiva da exploração do petróleo à economia dos países produtores. Todavia, a recente queda brutal sugere alguns questionamentos.

1)    O preço vai retornar aos níveis anteriores?
2)    Em quanto tempo isso ocorrerá?
3)    E se não ocorrer, como ficarão afetados esses países produtores?
4)    O que esses países precisarão fazer?
5)    Quais as alternativas?

As respostas a estes questionamentos não são fáceis. Mas precisam ser analisadas e debatidas pelos governantes e instituições desses países, cada um com suas características.

Uma situação geral, que ninguém desconhece, é a riqueza desses recursos naturais e a crescente exploração que tem ocorrido nas últimas décadas, tanto pelas tecnologias de localização como de extração. Aparentemente, é um recurso enorme, valioso e inesgotável. Mas não é.

Aí, cada pais deve ter a consciência  de conduzir, de modo responsável, sua situação. Risco maior que a queda do preço é o preço da exaustão que, mais cedo ou mais tarde, poderá emergir.

Cada País tem suas características e responsabilidades, não só economico-financeira  como de sustentabilidade. Por isso, cada um terá seus meios e suas necessidades, mas todos têm uma responsabilidade básica que é preservar a natureza e pensar nas gerações futuras. Dúvidas e perguntas emanam na mente de cada ser responsável: se essas reservas naturais forem exauridas – no curto, médio ou longo prazo – como ficarão as gerações futuras?  Quais as consequências para a natureza e a vida humana? Porque a água do mar está elevando sua temperatura?

O núcleo da terra é um caldeirão fervente. As reservas naturais – água, petróleo, minerais e florestas – ajudam a moderar essa temperatura. Aí cabe perguntar:  Se extraídas todas essas reservas de petróleo como ficará a temperatura do ambiente ? Essas perguntas, que parecem ingênuas, merecem mais atenção e exigem a opinião de especialistas. Alguns países são totalmente dependentes dos recursos dessas explorações mas outros não. Neste caso se situa o Brasil. Não se desconhece a contribuição para a economia, mas não se pode ficar escravo de sua exploração. Com sua imensa área geográfica, litoral, terra fértil e outros, tem alto potencial para desenvolver agregando outros fatores. Não que não explore – mas com responsabilidade – o petróleo e outros minerais mas que isto seja feito não apenas pela ganância econômica.  Contentar-se em explorar apenas recursos primários é contribuir apenas para o crescimento, não para o desenvolvimento. Sobrevoando Minas Gerais pode-se ter uma imagem  das consequências da exploração ambiciosa dos minerais nos séculos passados.

Que o País se concentre na capacitação para agregar valor, explorando os recursos naturais com moderação e no necessário para industrializar.

A educação, a tecnologia e a integração poderão permitir que se desenvolva com maior consistência e que, com responsabilidade, se explorem em menor nível os recursos naturais, possibilitando sua sobrevivência também às gerações futuras. Isso contribuirá não somente ao crescimento mas, também ao desenvolvimento.

Esse panorama exige postura eficaz não só das empresas  mineradoras como, também, do governo(executivo, legislativo e judiciário), criando e cobrando leis adequadas, bem como das pessoas que ajudem a acompanhar e denunciar transgressões.

Note bem, não estou falando em não explorar o petróleo e os demais recursos. Estou falando em fazer isso com parcimônia e responsabilidade, preocupado também com as gerações futuras.

Humberto Dalsasso –  Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão