O combate à inflação para além do aumento da taxa de juros

A inflação no País é a maior em 27 anos. A alta dos preços é percebida diariamente pelos brasileiros, seja na ida ao supermercado ou na aquisição de produtos e serviços para suprir necessidades básicas. Chamam a atenção os preços dos combustíveis e de produtos como tomate, leite e cenoura. Afinal, por que o governo não toma medidas eficientes para combater um dos monstros mais temidos pelos brasileiros?

Em sua participação no Jornal da Cultura, nesta quarta-feira (27), o presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, fala sobre causas da inflação no País, remédios administrados pelo governo federal e seus efeitos, principalmente para população mais pobre. “As causas da inflação no Brasil são, originalmente, externas. A pandemia e a guerra desarticularam as cadeias internacionais de suprimentos, desbalanceando a oferta e a procura e dando espaço para a subida de preços”, comentou Lacerda. “Mas a questão é: será que o remédio adotado no Brasil (aumento da taxa de juros) é eficiente? Juro mais alto é mais desemprego, mais quebra de empresas, mais famílias endividadas e inadimplência, mais custo para o governo se financiar”.

A alta dos combustíveis aparece como um dos principais fatores que puxam para cima o IPCA-15, 12,03% nos últimos 12 meses. Neste cenário, o presidente do Cofecon defende a adoção de medidas como a mudança na política de preços da Petrobras. Para o economista, a política atual favorece alguns, os acionistas a empresa, e prejudica grandemente o coletivo. “A paridade de preços internacionais é ótima para o acionista, mas por outro lado pagamos um ônus elevadíssimo quando abastecemos nossos veículos, mas também quando compramos roupas, alimentos, tudo o que nós consumimos, porque no Brasil isso é movido a transporte rodoviário”, argumentou.

Quanto à depreciação do real frente ao dólar, outro fator que contribui para a alta da inflação, considerando que produtos em dólar já chegam no Brasil mais caros, Lacerda aponta para as reservas cambiais do País como medida de contenção da desvalorização da moeda brasileira. “Temos 360 bilhões de dólares em reservas cambiais. Seria mais que suficiente para amenizar as pressões por desvalorização do real frente ao dólar e evitar volatilidade – que, além de provocar inflação, destrói investimentos produtivos”.

O Jornal da Cultura e os comentários do presidente do Cofecon podem ser assistidos logo abaixo: