Aquino comenta impactos econômicos das enchentes
Integrante da Comissão de Política Econômica do Cofecon falou na última sexta-feira (10) no podcast Café com Informação e analisou efeitos da catástrofe climática sobre a economia local e nacional
O economista Fernando de Aquino Fonseca Neto, integrante da Comissão de Política Econômica do Cofecon, participou na última sexta-feira (10) do podcast Café com Informação. Ele abordou os impactos econômicos das enchentes enfrentadas pelo estado do Rio Grande do Sul. A transmissão pode ser escutada clicando AQUI.
“São perdas, em muitos casos irreparáveis. As perdas humanas são as mais importantes para o estado e para o país”, comentou Aquino. “Também há perdas de patrimônio, de imóveis, veículos, eletrônicos. Sobretudo as famílias de mais baixa renda têm dificuldade de reaver esse patrimônio devastado. As empresas também perderam bastante e já estão enfrentando muitas dificuldades. O estado terá uma retração mais significativa em seu PIB, e é preciso dimensionar isso em termos nacionais: economistas e consultores têm convergido para uma perda de 0,2 a 0,3 pontos percentuais”.
“Embora grande parte da colheita de produtos mais importantes como arroz e soja já tenha sido realizada, parte daquilo que não foi colhido será perdido; e há uma grande perda de infraestrutura, de estradas e aeroportos. Empresas agroindustriais perderam capacidade produtiva”, observou o economista. “Isso vai levar tempo para ser construído. A produção diminuirá nos próximos meses em função destas restrições. O setor de serviços será penalizado, a parte de hotéis, restaurantes, entretenimento em geral. Em termos nacionais, o item que terá um impacto mais crítico é o arroz, porque o Rio Grande do Sul produz 70% do arroz do País. Uma parte será perdida, o que pode gerar um desabastecimento nacional”.
Tirando o arroz, Aquino não vê dificuldade com os preços de outros produtos agropecuários. “No país como um todo, produzimos mais do que consumimos. Podemos ficar tranquilos em termos de inflação nacional. Pode haver aumento temporário de alguns itens, pode haver alguma especulação, mas não acredito num impacto inflacionário relevante. Passaremos por esta tragédia mantendo o controle da inflação”.
O governo federal anunciou um pacote de R$ 50 bilhões para a reconstrução do estado. “Há um aumento de gastos públicos e privados que vai estimular a produção nacional, muito mais até possivelmente em outros estados que vão produzir e enviar para o Rio Grande do Sul. A construção civil será estimulada”, comentou Aquino. “A reconstrução terá um estímulo adicional para a economia. Então, o impacto de 0,2 a 0,3% tende a ser menor, porque vai ser compensado, pelo menos em parte, pelos gastos com reconstrução”.
Uma das principais dificuldades causadas pela catástrofe climática são os danos na infraestrutura de transportes. “Há estradas intransitáveis, não se sabe se há alternativas de cabotagem”, pontuou. “Transportar por outras vias o que sempre veio por estradas pode ser bastante oneroso. Esperamos que as estradas sejam reconstruídas rapidamente”.