Paulo Dantas: “Taxa de juros praticada no Brasil ainda é alta”

Presidente do Cofecon ressalta que a Selic, reduzida em meio ponto percentual nesta semana, está em 12,25% ao ano, enquanto a inflação de 12 meses é de 4,63%. 

Nesta terça e quarta-feira (31/10 e 01/11) o Comitê de Política Monetária se reuniu para tomar uma decisão sobre a taxa básica de juros. Em linha com o que o mercado esperava, a redução foi de 0,5 ponto percentual, o que fez com que ela passasse de 12,75% para 12,25% ao ano. O presidente do Cofecon, Paulo Dantas da Costa, vê este nível como ainda alto e considera que o controle da inflação por meio da taxa de juros tem um custo elevado para a sociedade.

“A taxa de juros praticada no Brasil ainda é alta, considerando o nível de inflação de 4,63%”, afirma o economista. “Os principais impactos negativos são a dificuldade para acessar o crédito, o desestímulo aos investimentos (já que o custo de captação de recursos fica mais alto) e a elevação dos custos da dívida pública, com consequências para as contas públicas. Além disso, gera deformações sociais, porque transfere renda em favor dos rentistas, que são agentes sempre bem situados economicamente na sociedade”.

Para Paulo Dantas, os cortes na taxa de juros poderiam ser um pouco maiores. “Até mesmo para acelerar a redução para um nível mais adequado”, defende o presidente do Cofecon. “A prática de utilizar elevadas taxas de juros para a gestão dos preços já é uma tradição no Brasil. É possível afirmar que os resultados foram alcançados, mas a um elevado custo para a sociedade”.

O Copom terá ainda uma última reunião neste ano, prevista para os dias 12 e 13 de dezembro.