Lacerda, sobre déficit zero em 2024: “As paredes sabiam que não seria cumprido”

Fala do conselheiro federal se deu na bancada do Jornal da Cultura, no qual ele comentou as notícias veiculadas na noite de 28 de outubro

O conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerca comentou no último sábado a repercussão da fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a meta fiscal para 2024. Em café da manhã com jornalistas na última sexta-feira (27), Lula disse que o governo faria o que fosse necessário para cumprir a meta de resultado primário, mas que ela não precisa ser zero. O presidente afirmou ainda que “às vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que sabe que não será cumprida”.

Lacerda esteve na bancada do Jornal da Cultura no último sábado (28), comentando as notícias veiculadas – inclusive a repercussão desta fala do presidente, vista como um comando para alterar a Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada pelo governo. Ele afirmou não ver contradição entre a postura de Lula e a equipe econômica.

“A equipe econômica tem que fazer seu papel, que é controlar as contas públicas. O presidente foi eleito numa frente que tem compromissos, dentre eles o resgate da questão social e econômica”, analisou Lacerda. “É preciso compatibilizar algum controle das contas públicas, que é o papel da equipe econômica, embora ela também tenha esse papel do crescimento econômico. Não há, a meu ver, contradição nenhuma. E é claro que a decisão política cabe ao presidente da República”.

Em relação à meta de zerar o déficit para 2024, Lacerda afirmou que “até as paredes sabiam” que ela não seria cumprida. “O próprio boletim Focus já apresentava há muito tempo uma previsão de déficit de 0,8% do PIB previsto para 2024”, argumentou. “Nós, economistas, precisamos fazer projeções, mas a fragilidade delas é enorme, porque o crescimento, a inflação e o déficit público dependem de um encadeamento de fatores internos e externos, e está acontecendo muita coisa no mundo. O que ocorre é uma flexibilidade”.

O conselheiro federal também apontou uma incoerência em críticas vindas do chamado “centrão” com relação à meta para 2024. “Eles apoiaram Bolsonaro durante quatro anos, e ao longo deste período ele gerou um gasto de 800 bilhões de reais adicional ao teto de gastos. Então é, de certa forma, incoerente”, afirmou. “O melhor é realmente chegar a uma solução que contemple o equilíbrio fiscal, mas não rigidamente. Se tomarmos os países do G20, ou seja, a maior parcela do PIB global, todos, sem exceção são deficitários. E não é porque não controlam as contas públicas, mas pelos fatores que eu mencionava”.

A fala de Lacerda sobre a meta de resultado primário para 2024 pode ser assistida na íntegra no vídeo abaixo: