XXV CBE: Italiano Vito Tanzi realizará palestra magna

O economista italiano Vito Tanzi foi confirmado nesta semana como responsável pela palestra magna do XXV Congresso Brasileiro de Economia. Ele desenvolveu grande parte de sua carreira no Fundo Monetário Internacional e descreveu o fenômeno econômico conhecido como Efeito Tanzi. Ele falará no dia 07 de novembro, às 19:30 horas, sobre “Um novo futuro: planejamento, desenvolvimento e sustentabilidade”. O evento terá lugar no hotel Luzeiros, em São Luís, Maranhão.

Vito Tanzi formou-se em economia nas universidades George Washington e Harvard. Na primeira, obteve também um mestrado; na segunda, um PhD. De 1959 a 1961 trabalhou para o Comitê Econômico Conjunto do Congresso norte-americano e, enquanto trabalhava na sua tese de doutorado, atuou num programa de pesquisa da Universidade George Washington que estudava os benefícios econômicos potenciais dos gastos com pesquisa e desenvolvimento da NASA. Entre 1965 e 1967 foi economista sênior do Programa Fiscal Conjunto da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Em 1967 tornou-se professor da American University em Washington, Estados Unidos, e em 1975 passou a trabalhar no Fundo Monetário Internacional como chefe da Divisão de Política Fiscal. Em 1981 tornou-se diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, cargo que ocupou até a aposentadoria.

Entre 1990 e 1994 Tanzi também atuou como presidente do Instituto Internacional de Finanças Públicas, do qual é presidente honorário. Após deixar o FMI atuou como subsecretário de Economia e Finanças no governo da Itália. Foi pesquisador visitante no Banco Interamericano de Desenvolvimento e atuou como consultor da ONU, da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e da Organização dos Estados Americanos.

Além do trabalho na área de macroeconomia e finanças públicas, o economista também apresentou contribuições na área de economia da corrupção, evasão de impostos, lavagem de dinheiro, economia informal e outras áreas. Tanzi é autor de 25 livros, traduzidos em várias línguas. Em seus trabalhos recentes, foca o papel econômico do Estado e como a complexidade e a incerteza o afetam.

Efeito Tanzi

Enquanto trabalhava no FMI, o economista desenvolveu o conceito econômico conhecido como Efeito Tanzi, no qual analisa a relação entre a arrecadação fiscal e as taxas de inflação no decorrer do tempo. Ele identificou uma defasagem entre o fato gerador (momento no qual a lei determina que o tributo deve ser cobrado) e o momento em que ele é efetivamente arrecadado. Quanto maior for a inflação, menor será a arrecadação real do governo. Alguns impostos, por razões de ordem prática ou administrativa, são pagos num intervalo de 30 a 60 dias do fato gerador (ou até mesmo no ano seguinte).

O fenômeno é conhecido desde o período após a Primeira Guerra, no estudo de países que tiveram hiperinflação (como foi o caso da Alemanha, mas foi Tanzi quem deu a explicação das causas. Essas defasagens na cobrança têm pouca importância quando não há inflação ou quando esta é baixa; no entanto, taxas de inflação mais altas significam que o valor real do pagamento recebido pelo governo será menor, e a demora passa a ser uma variável fundamental na determinação da receita tributária real.

Numa situação extrema, quando a inflação é muito alta e um país tenta financiar os gastos públicos imprimindo mais dinheiro, o próprio ato de imprimir mais dinheiro, ao elevar a inflação, pode reduzir a receita tributária em mais do que o valor real da impressão de dinheiro.