Economia em Debate: políticas de desenvolvimento para o Nordeste

Nordeste tem 9 dos 11 estados mais pobres do país. Economista Aristides Monteiro é o convidado para debate na próxima sexta-feira (19), com transmissão pelo YouTube

Quais são as políticas de desenvolvimento necessárias para efetivamente desenvolver a região Nordeste? No dia 19 de maio o Conselho Federal de Economia realizará, às 17 horas, mais uma edição do Economia em Debate. O palestrante convidado será o economista Aristides Monteiro, diretor de estudos e políticas regionais, urbanas e ambientais do IPEA. A mediação será do economista Fernando de Aquino, coordenador da Comissão de Política Econômica do Cofecon, e haverá transmissão pelo canal do Cofecon no YouTube (AQUI).

A economia brasileira teve início da região Nordeste, uma vez que lá se iniciaram as atividades em torno do pau-brasil e da cana-de-açúcar. Salvador foi a primeira capital brasileira e o Nordeste foi a região mais rica até meados do Século XVIII. Mas, centenas de anos depois, a região é a terceira do Brasil em termos de PIB, a quarta em PIB per capita e a menos industrializada do país em proporção por habitantes (13% da indústria e 27,6% da população).

Problemas estruturais como a pobreza e a concentração de renda, além de uma economia pouco diversificada, levaram à criação de políticas de desenvolvimento e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste. A obra “Uma política de Desenvolvimento Econômico para o Nordeste”, publicada pela Sudene, em sua segunda edição (1967) trazia o seguinte diagnóstico: “Sem prejuízo de um esforço sistemático no sentido de ampliar as linhas de exportação do Nordeste, a análise da presente situação econômica dessa região indica, nitidamente, que seu atraso só poderá ser superado mediante uma política de industrialização”.

Nas últimas décadas o turismo apresentou grande crescimento e várias cidades estão investindo em polos tecnológicos – como é o caso do Porto Digital, em Recife. Os estados de Pernambuco, Ceará e Bahia dispõem de polos industriais importantes e a transição energética representa uma oportunidade para a região, tanto pela produção eólica (Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará estão entre os maiores produtores nacionais) quanto pela fotovoltaica (não só pelos altos índices de radiação solar, como também pela presença do silício).

Apesar dos avanços, o Nordeste continua abrigando os estados com menor PIB per capita do Brasil. Em 1939, os nove estados da região ocupavam, junto ao Amazonas, as dez posições de baixo da tabela neste indicador. Oito décadas e várias políticas de desenvolvimento depois, os estados do Nordeste ainda estão nas 11 posições de baixo na tabela de PIB per capita, junto ao Amapá e Acre. Pelo menos a disparidade diminuiu: em 1939, a diferença entre o estado mais rico (Rio de Janeiro) e o mais pobre (Bahia) era de 10 vezes; em 2020, 6,6 vezes (R$ 90 mil no Distrito Federal contra R$ 13,75 mil no Maranhão).

Há quatro anos os governadores da região criaram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento sustentável do Nordeste, com o propósito de promover o desenvolvimento integrado, a realização conjunta de compras públicas e a implementação de políticas conjuntas. Mas quais são as políticas necessárias para trazer o desenvolvimento econômico para a região? Para debater o assunto, o Cofecon convidou o economista Aristides Monteiro, mestre em Economia pela UFPE e doutor em Economia Aplicada pela Unicamp. Ele é especialista em desenvolvimento econômico, economia regional e políticas públicas e atuou no período de 2007 a 2009 como secretário de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente do estado de Pernambuco.