Já passou da hora de diminuir a taxa de juros, afirma Lacerda

O conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda, integrante da Comissão de Estratégia do BNDES, foi entrevistado pela Rede TVT para falar sobre os desafios do governo para fazer a economia crescer. O tema mais abordado durante a entrevista, realizada no programa Revista Brasil TVT, foi a taxa básica de juros.

“No último ano e meio nós tivemos uma elevação de mais de 11 pontos percentuais. É a maior taxa de juros do mundo. O que justifica essa taxa? Nada”, criticou Lacerda. “Os juros altos trazem enormes malefícios. Desaquecem a economia, tornam mais difícil a atuação das empresas e das famílias, não só porque o crédito fica mais caro, mas também porque aqueles que têm recursos preferirão fazer aplicações financeiras para receber essa remuneração do que investir na atividade produtiva e contratar pessoas”.

Juros altos também impactam as contas públicas, afetando o custo do financiamento da dívida. “O Estado brasileiro é devedor – aliás, todos os Estados Nacionais são devedores mundo afora. Quando a taxa de juros sobre, representa uma elevação do custo de financiamento da dívida”, comentou o conselheiro federal. “O crédito praticamente sumiu da economia, temos 70 milhões de inadimplentes, que têm dificuldades para cumprir seus compromissos. Já passou da hora de iniciar uma redução dos juros para dar um pouco mais de fôlego à economia”.

A taxa básica de juros impacta a economia de várias formas. “As empresas precisam do capital de giro para pagar seus funcionários e fornecedores e fazer girar a economia. Com juros altos, estas empresas ficam praticamente inoperantes”, argumentou. “Com as empresas em dificuldade há mais desemprego, inadimplência no pagamento de tributos (o que prejudica a arrecadação por parte do Estado) e por isso o Banco Central precisa calibrar a taxa de juros considerando todos estes aspectos”.

O Bolsa-Família chegou a beneficiar 14 milhões de famílias, a um custo entre 30 e 40 bilhões de reais por ano. “Talvez este valor atualizado chegue a 70 ou 80 bilhões. O financiamento da dívida pública no ano passado custou 700 bilhões”, comparou Lacerda. “Isso tem impedido o Estado brasileiro de cumprir sua função, cortando investimentos, programas sociais, saúde, educação e prejudicando o desempenho da economia, com reflexos diretos na qualidade de vida das pessoas”.

Por fim, o conselheiro pontuou que uma redução nos juros tem um efeito de sinalização para o futuro. “Além do efeito prático da decisão, há o efeito de expectativas, apontando que se iniciaria um processo de redução e trazendo um efeito mais favorável para a economia. Daí a importância de que já na próxima reunião a Selic seja reduzida”, concluiu.

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