“Meta de inflação atual é irrealista”, afirma conselheiro

O estabelecimento de uma nova meta de inflação para o ano de 2023 é um tema que tem dividido opiniões. Fixada em 3,25% (com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos), ela foi criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como excessivamente baixa – o que levaria à necessidade de uma taxa básica de juros mais alta.

O conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda falou ao portal G1 sobre o assunto em matéria publicada nesta quinta-feira (16). O portal ouviu também outros economistas renomados.

“A meta atual é irrealista, considerando a situação de pressões de ofertas. Mesmo para países desenvolvidos, nossa meta seria apertada demais”, considera Lacerda. Para ele, é preciso estudar as causas, o núcleo da inflação e estipular uma meta “realizável” – algo próximo de 4%, com dois pontos percentuais de margem.

Para Lacerda, a controvérsia se dá por desconhecimento das teorias e das melhores práticas internacionais e também por interesses – já que o financiamento da dívida custou cerca de R$ 600 bilhões no ano passado, algo que ele classifica como “uma transferência direta de renda de toda a sociedade para os credores e rentistas”. Além disso, uma taxa de juros alta traz, no atual cenário macroeconômico, o risco de recessão, inadimplência e quebradeira.

O texto do G1 também cita que Lacerda é signatário de um manifesto assinado por mais de 3,6 mil economistas afirmando que “a taxa de juros no Brasil tem sido mantida exageradamente elevada pelo Banco Central e está hoje em níveis inaceitáveis”.

O Conselho Monetário Nacional tem nesta quinta-feira sua primeira reunião desde o início do novo governo. A discussão de uma nova meta de inflação ainda não está confirmada.

A matéria do G1 pode ser lida clicando AQUI.

A mudança piora as expectativas?

Um dos argumentos contrários à mudança da meta de inflação seria o risco de piora das expectativas. Lacerda, porém, argumenta em sentido contrário. “Não vejo que um aprimoramento do regime de metas possa prejudicar. Na verdade, ajuda na medida em que se torna mais crível e transparente”, explica. “Tem que mudar não apenas a meta, mas o horizonte de atingimento, atualmente restrito ao ano calendário em curso. Uma pressão de oferta deveria ter outro tratamento”.