Lacerda: “Crescimento econômico é a base para diminuir a tensão social”

Presidente do Cofecon comentou medidas da equipe de transição e defendeu um arcabouço fiscal que dê previsibilidade, mas flexibilidade para que o Estado cumpra sua função

O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, concedeu uma entrevista à rede de TV CNN Brasil para falar sobre as medidas econômicas do próximo governo. O economista discutiu a chamada PEC da Transição – cujo valor total é de 175 bilhões de reais – e criticou o teto de gastos.

“Embora já exista uma proposta pronta, ela precisa ser negociada no parlamento. Precisamos de flexibilidade para ouvir os parlamentares e outras pessoas para chegar a um consenso”, comentou Lacerda. “O fundamental é garantir recursos para que o governo não pare e que os programas sociais e compromissos que foram apresentados na campanha e que foram vitoriosos nas urnas possam ser implementados. As conversas estão bastante adiantadas e permitirão que haja este ajuste entre a equipe de transição e o parlamento”.

Desde 2016, Lacerda tem sido um crítico do teto de gastos. “Ao longo de 2020, 2021 e 2022 ele não foi cumprido, o que mostra que é uma regra que não tem sustentação. Tentar limitar gastos por 20 anos, independente dos ciclos econômicos, não levando em conta o crescimento da população e as demandas da sociedade, é absolutamente inadequado”, argumentou. “Precisamos de um novo arcabouço fiscal que dê previsibilidade, mas alguma flexibilidade para que o Estado possa exercer sua função”.

Lacerda também defendeu o histórico do presidente eleito em relação à responsabilidade fiscal. “O governo Lula tem um passado que o substancia. Ao longo dos oito anos de governo não havia teto de gastos, mas gerou-se superavit primário e, o que é importante, combinando com estabilidade de preços e crescimento econômico”, recordou. “O crescimento econômico não é tudo, mas é a base para diminuir a tensão social. Grande parte da pressão que se tem hoje por gastos sociais decorre do não crescimento da economia ao longo dos últimos anos. Precisamos dar base econômica, para além dos programas sociais, para que a economia volte a girar e o próprio Estado seja beneficiado pela melhora da arrecadação. É um ajuste fiscal nas duas pontas.

A entrevista pode ser assistida no vídeo abaixo: