Em debate, Lacerda defende a adoção de políticas de competitividade

O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, participou nesta quinta-feira (25) do lançamento da 60ª edição da revista Política Democrática, que tem como tema a retomada do desenvolvimento. O evento foi realizado de forma virtual e transmitido pelo canal da Fundação Astrojildo Pereira no YouTube. 

Lacerda é autor de um capítulo que trata do desenvolvimento e da industrialização no Brasil, e afirma que hoje o Brasil não tem uma política industrial. “No interregno Lula-Dilma, nós tivemos um conjunto de políticas industriais ou de desenvolvimento que visavam, com algum objetivo, resgatar este campo. Mas as condições da política macroeconômica não foram favoráveis: o custo de capital era alto e o câmbio estava apreciado”, comentou Lacerda.  

A pandemia de Covid 19 mostrou a importância de se ter uma indústria como forma de garantir a segurança do fornecimento de insumos. “Produtos de baixa complexidade, como máscaras, gorros, luvas e respiradores, faltaram durante a pandemia. O Brasil tentou comprar e pagou adiantado por alguns destes produtos, mas isso não garantiu que recebêssemos em tempo hábil”, argumentou Lacerda. “Com a guerra, nossa dependência de elos significativos de insumos, produtos e matérias-primas no âmbito das cadeias produtivas nos torna muito vulneráveis, particularmente as hifas, princípios ativos para muitos medicamentos. Os doentes crônicos e a população de baixa renda se viram privados do fornecimento de medicamentos de uso constante”. 

Para o presidente do Cofecon, a reconstrução da indústria brasileira precisa vir apoiada por um projeto de desenvolvimento e inserção internacional, distribuição de renda e geração de emprego. “Isso passa por um novo modelo, que garanta a transição ecológica e a digital. A longa experiência brasileira de industrialização ao longo do século 20 e todo o processo de desindustrialização que temos agora nos apresentam um significativo espaço para a construção do novo”, analisou Lacerda. “Isso implica uma política macro muito mais desenvolvimentista e a adoção de uma série de políticas que nem sequer estão na pauta”. 

A publicação tem 356 páginas e foi escrita por um grupo diversificado de 27 pessoas: Abraham Sicsú, Alcimar das Chagas Ribeiro, Antonio Corrêa de Lacerda, Benito Salomão, Benjamin Sicsú, Camila Hermida, Carlos Grabois Gadelha, Cristovam Buarque, Cérgio C. Buarque, Celso José Costa Junior, Everardo Maciel, Fábio Bites Terra, Hamilton Garcia de Lima, Hugo Carcanholo Pereira, Júlia Braga, Julio Fernando Costa Santos, José Luís Oreiro, Leandro Pinheiro Safatle, Luís Carlos de Magalhães, Luiz Fernando de Paula, Manoel Pires, Mariano Paplane, Marcus Eduardo de Oliveira, Roberto Macedo, Rogério Sobreira, Sergio Vale e Vilma Pinto.

Os economistas José Luis Oreiro e Benito Salomão são os organizadores da obra. “Esta obra só faz sentido porque foi elaborada por um grupo plural. Mesmo entre os economistas, temos alguns com inclinação mais ortodoxa e outros com inclinação mais heterodoxa”, destaca Salomão. 

Além do presidente do Cofecon, o debate contou com a participação dos professores José Luis Oreiro, Júlia Braga, Camila Hermida e Hamilton Garcia Lima, e pode ser assistido no player abaixo: