Para Lacerda, uma boa diversificação nos investimentos minimiza riscos

Presidente do Cofecon concedeu entrevista ao portal Inteligência Financeira sobre como ganhar mais dinheiro ou perder menos

O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda, olha os investimentos com uma visão nos dados macroeconômicos, na influência internacional, na divulgação das diversas taxas de inflação e na flutuação do câmbio. Em entrevista ao portal Inteligência Financeira, Lacerda disse: “a economia está em tudo”.

No entanto, se a economia está em tudo, existe algo que ela não consegue responder? “Sim. Sobre seu próprio futuro.” O doutor em economia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e coordenador do Programa de Pós-graduação em Economia Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) mostra que apenas há uma saída para os investidores: a diversificação. Confira a entrevista na íntegra:

Qual é a pergunta dos investidores que a economia não consegue responder?

Há sim uma pergunta que tem várias respostas possíveis, e que, portanto, não tem nenhuma resposta, que é sobre os rumos da economia. Saber qual será o desempenho da economia em 2023, por exemplo, depende de fatores econômicos e políticos, que dificilmente podem ser previstos.

Como a economia pode ser útil para o investidor?

A economia constrói cenários. Se eles se confirmarem, acertamos o rumo de uma nação, de uma empresa. A mesma coisa vale para taxa de câmbio, juros, inflação e fatores internacionais, como os preços das commodities no mercado internacional.

Qual deve ser a postura do investidor?

Tendo em vista que o futuro é incerto e não sabido, o investidor só tem uma saída: diversificar. Mas cuidado com a diversificação. Não se deve colocar ovos em várias cestas. É preciso levar em conta todo esse cenário e equilibrar seus investimentos. Uma boa diversificação minimiza riscos. E é importante sempre lançar mão da técnica do hedge: se você está muito exposto com um ativo, no outro você faz um movimento contrário.

Como um investidor pode usar dados econômicos para tomar decisões de investimento?

Essa é uma tarefa para especialistas. Se o investidor não tiver uma sólida formação, é melhor recorrer a especialistas, que estão em bancos, ou a consultores independentes. Eles ajudam a interpretar dados. Agora, de uma maneira autodidata, é importante estar atento às movimentações da Bolsa, quais medidas econômicas os governos vêm adotando e às mudanças no cenário internacional.

Todo investidor tem que ser rápido?

Se ele tiver um horizonte de longo prazo, não precisa acompanhar o dia a dia do mercado. Mas se ele tem um objetivo de curto prazo é melhor ser conservador, porque ele vai precisar da liquidez  do ativo, não vai poder contar com um investimento volátil. A vantagem do longo prazo, é que se o investidor errar, ele tem tempo de recuperar.

Qual é considerado o perfil vencedor nos investimentos?

Aquele que tem sangue frio, principalmente numa crise. Porque sempre há uma recuperação. A questão é que ninguém sabe quanto tempo ela vai durar. Mas uma crise sempre acaba.

Como usar a economia como uma aliada dos investidores?

A economia antecipa comportamentos dos juros, do câmbio, da Bolsa de Valores. Mas nem sempre é fácil de interpretar esses cenários.

Do ponto de vista econômico, faz sentido investir fora do Brasil?

Faz sentido, à medida que você queira diversificar seu portfólio. E por que não fazê-lo? É mais arriscado, porque os juros domésticos ainda estão elevados. Mas tirar uma parte dos investimentos do Brasil é uma possibilidade a mais para diversificar.

Por que a economia interfere nos investimentos?

Porque vários dados econômicos mexem com os investimentos, como a inflação e o comportamento dos mercados. Se a economia aponta para uma recessão, o mais provável é que a rentabilidade média das empresas não seja tão boa.

O que é ter inteligência financeira?

Ter inteligência financeira é usar os recursos do mercado a seu favor. O cartão de crédito pode jogar a seu favor, basta não recorrer ao crédito rotativo, que tem juros altos. E o investidor tem que sempre pensar em como não perder dinheiro, para não ter seus investimentos corroídos pela inflação e ainda ter rendimento real.