Lacerda fala sobre desemprego, programas sociais e resposta à pandemia

O presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, falou nesta terça-feira (23) à GloboNews sobre o desemprego no Brasil. Também foram tratadas questões correlatas, como o Auxílio Brasil e a forma como o País enfrentou a pandemia.

“A crise já se estende por sete anos e foi agravada pela pandemia. Ela se soma a problemas estruturais brasileiros como a extrema concentração de renda, a desigualdade e o desemprego”, comentou o presidente. Em seguida, ele explicou a diferença entre o número de desocupados (14 milhões), desalentados (6 milhões) e subocupados (10 a 11 milhões). “Estamos falando de um terço da população economicamente ativa”.

Além dos problemas estruturais da economia brasileira, a pandemia trouxe um aumento do desemprego. “Então, o auxílio emergencial é aquilo que se torna quase imprescindível para amenizar o problema social, primeiro, e também o econômico”, apontou Lacerda. “As pessoas que têm acesso ao auxílio têm uma propensão ao consumo muito elevada, porque vão em busca de alimentos, das questões do dia-a-dia, da sua subsistência, e isso tem um efeito econômico importante”.

Em relação ao próximo ano, o presidente do Cofecon vê equívocos na forma como a questão está sendo trabalhada. “Está havendo um oportunismo eleitoreiro, aproveitando a necessidade de alguma forma de auxílio. Não haveria por que mudar o Bolsa-Família, que atingiu 14 milhões de famílias, mais de 51 milhões de pessoas, em vigor há 18 anos”, criticou Lacerda. “Além disso, ele está vinculado a esse truque dos precatórios, que envolve um conjunto de recursos muito maior do que aquele necessário para pagar o Auxílio Brasil”.

“Temos milhões de pessoas que têm necessidade de algum apoio de política social. Mas temos que ressalvar o seguinte: dentro do quadro atual há uma dificuldade inclusive de medição”, continuou Lacerda. “Mas não muda a questão fundamental: na questão da subsistência das pessoas existem aspectos estruturais, decorrentes da mudança tecnológica, que é um problema internacional. No Brasil, o problema se agrava porque há também uma carência de crescimento da economia”.

O economista também foi enfático ao falar da forma como o Brasil enfrentou a pandemia. “Foi equivocada, especialmente em seu primeiro ano. Já sabemos do atraso na vacinação, da falta de cuidado com os protocolos sanitários que pudessem manter em funcionamento a economia, a desconexão entre o governo federal e os entes subnacionais (governadores e prefeitos), o relacionamento do Poder Executivo com o Legislativo e o Judiciário, sem falar da má gestão do Ministério da Saúde, com uma alternância muito grande, o negacionismo, os protocolos equivocados que já foram amplamente debatidos”, apontou Lacerda. “Todos estes aspectos combinados agravam a situação brasileira. Apesar de todos os paliativos, o espaço para o crescimento da economia em 2022 fica muito limitado, havendo risco inclusive de recessão, num quadro de estagflação, ou seja, estagnação econômica com pressão inflacionária, especialmente sobre itens que pesam muito para a população de baixa renda”.

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