“Qual é a saída para o Brasil? É olhar para os seus potenciais, no plural. Uma das nossas maiores riquezas é a nossa diversidade regional brasileira. No dia em que a gente entender isso, nós vamos poder ler o Brasil de outro jeito e experimentar um desenvolvimento de fato” – Tânia Bacelar

A economista Tânia Bacelar foi a voz feminina no debate “A Bolsa ou a Vida: estratégias para o Brasil no pós-pandemia”. A discussão foi baseada nas reflexões do filme homônimo, do diretor Silvio Tendler, e do livro “Celso Furtado, 100 anos: pensamento e ação”, organizado pelo presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda.

Tânia iniciou a fala destacando a importância de Celso Furtado, falou também da diversidade e das potencialidades do Nordeste brasileiro.  “Ele continua muito atual, a produção e o exemplo que Furtado nos deixou ainda iluminam os economistas atuais. Ele foi um economista que utilizou a inteligência dele para compreender e ajudar a transformar e consolidar a nação brasileira, construindo um país socialmente equilibrado. É uma referência para nós”, expôs a economista. “Em seu livro A Construção Interrompida, ele nos deixou um alerta: estávamos caminhando numa trajetória equivocada, e de fato perdemos o rumo. Mas vários aqui já mostraram que não é por falta de potencial”.

Provocada a refletir sobre a escolha do Nordeste nas últimas eleições presidenciais, quando a região foi a única a conferir maioria dos votos a um candidato progressista, Tânia Bacelar ressaltou que a população local sentiu de forma muito intensa o processo de transformação, sobretudo nas gestões de Lula e Dilma Rousseff. “O Nordeste hoje é muito diferente daquele que Furtado estudou na metade do século passado, sobretudo no pós-democratização. Não foi o Bolsa-Família. O aumento real do salário mínimo foi muito mais importante para as mudanças que aconteceram aqui do que o Bolsa-Família”.

A economista também realçou o polo gerador de energia renovável em que se transformou o Nordeste, apontando a importância de se aproveitar as vocações regionais para se construir um desenvolvimento equilibrado no país. “O endereço da energia eólica no Brasil é o Nordeste. O endereço da energia solar no Brasil é o Nordeste. Nesta crise hídrica brasileira, o Nordeste está exportando energia”, apontou Bacelar. “No passado nós represamos o São Francisco para gerar energia para o nosso desenvolvimento. Hoje já podemos liberar o São Francisco para pensar em água”.

Tânia falou também que há um grande desafio para o Brasil hoje, que é revisitar o Nordeste. “A partir daquele mapa eleitoral, é preciso olhar de novo para o Nordeste, porque há outros mapas que nós queremos mostrar”, afirmou. “Qual é a saída para o Brasil? É olhar para os seus potenciais, no plural. Uma das nossas maiores riquezas é a nossa diversidade regional brasileira. No dia em que a gente entender isso, nós vamos poder ler o Brasil de outro jeito e experimentar um desenvolvimento de fato”, defendeu. E finalizou falando da educação: “Quem quiser ver como se muda a educação pública, vá ao Ceará para ver o que foi feito na educação fundamental, e a Pernambuco para ver o que fizemos na educação de nível médio. Em dez anos mudamos os indicadores”.

Um dos papeis essenciais do Cofecon é promover o amplo e sadio debate econômico, sendo referência como entidade profissional que contribui de forma decisiva para o desenvolvimento econômico com justiça social.

O debate pode ser assistido no vídeo abaixo:

O filme A Bolsa ou a Vida está disponível no canal da Caliban no YouTube, no seguinte link: https://youtu.be/N2ERnOk57Z4

Resenha do livro Celso Furtado, 100 anos: pensamento e ação: https://www.cofecon.org.br/2021/04/15/centenario-de-celso-furtado-e-comemorado-com-lancamento-de-livro/