Taxas de juros mais altas por si só não protegerão o Brasil da estagflação

O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antonio Corrêa de Lacerda, concedeu entrevista ao portal The Brazilian Report, sobre o novo aumento da Selic, anunciado pelo Banco Central. De acordo com a matéria assinada por Ana Ferraz, existe a preocupação entre os especialistas de que a manobra não será capaz de domar a inflação ou de impedir que o Brasil caia no pior cenário econômico possível: a estagflação.

Para Lacerda, “Nas últimas semanas, tem havido uma volatilidade considerável no mercado financeiro em virtude do agravamento da crise institucional no país. O cenário atual denota a combinação de fatores econômicos e políticos com as perturbações sociais.”, e afirma que “as pressões inflacionárias são agravadas pelo baixo nível de atividade, um mercado de trabalho deteriorado, níveis crescentes de pobreza e de insegurança alimentar, bem como os efeitos das crises de energia e hídrica”.

O aumento das taxas de juros não é a resposta

A matéria traz também um panorama geral sobre as consequências do alto índice de desemprego e do baixo poder de compra dos brasileiros. Além disso, aponta para a desvalorização do real, para o encarecimento dos insumos, que impactam diretamente a produção nacional, e para a crise política, que afasta investidores, como responsáveis diretos pela atual crise. Por isso, o aumento da taxa de juros, classificada como política monetária tradicional na matéria, pode não gerar o resultado esperado, considerando que a elevação das taxas de juros não afeta os principais fatores que impulsionam a inflação brasileira.

A pandemia não é a única culpada

Sobre a pandemia, a matéria publica no The Brazilian Report alerta que, no caso do Brasil, a economia já apresentava sinais de recessão, com projeções pouco encorajadoras. Para os especialistas entrevistados, a recessão é consequência de falha estrutural da economia brasileira traduzida na falta de investimento governamental em áreas como educação, saúde, segurança, mobilidade – tornando o país menos competitivo.

A matéria termina apontando que a crise energética é a “cereja do bolo” por tornar as contas ainda mais altas para a indústria, que produz menos, elevando assim o preço final dos produtos.

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