A importância das políticas de sustentabilidade e do ESG

O jornalista Dal Marcondes e o economista Lauro Chaves Neto foram os convidados para falar no Congresso Brasileiro de Economia sobre ESG (do inglês Enviromental, Social and corporate Governance – melhores práticas ambientais, sociais e de governança corporativa) e políticas de sustentabilidade. As palestras ocorreram na tarde de 8 de setembro.

Marcondes foi o primeiro a falar. “Quando se abordava questões ambientais nos anos 80, falava-se como uma externalidade que o mercado há de resolver”, comentou. “A empresa que estava em dia com os impostos e a legislação trabalhista era considerada responsável. Quando fazia filantropia, ficava bem na foto, até que entrou a questão de que não adianta dar o peixe, é preciso ensinar a pescar. Então entrou o conceito de responsabilidade social”.

O conceito evoluiu para a sustentabilidade (ambiental, social e econômica). A empresa só pode ter sucesso se ela tiver um equilíbrio. “Há uma célebre frase que diz que nenhuma empresa pode ser uma organização de sucesso inserida em uma sociedade fracassada”, citou Marcondes. “Outra frase famosa diz que o lucro não pode ser o principal objetivo das empresas, mas é uma condição fundamental para que elas possam cumprir sua missão”.

Por último, o jornalista citou os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (que antes eram oito) e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (17, com 169 metas) da Organização das Nações Unidas. “Parecia que dava para seguir com estas metas, até que numa carta divulgada no Fórum Econômico Mundial, o maior administrador de fundos do planeta, Larry Fink, falou sobre ESG”.

A partir da fala de Marcondes, Lauro iniciou a sua abordando a sustentabilidade. “A partir da revolução industrial há um domínio grande das corporações, do setor produtivo, onde o crescimento da renda e da produção era o principal foco das políticas públicas”, pontuou o conselheiro federal. “A pressão gerada pelo aumento da produção, melhoria da produtividade e aumento populacional resultou num uso cada vez maior de combustíveis e geração de resíduos, e começa a haver um ponto de inflexão que vai trazendo um dano para a qualidade de vida. Aquele ganho é anulado pelo dano ao meio ambiente”.

Neste contexto o conceito de sustentabilidade se fortaleceu, até que recentemente surgiu o ESG. “ESG não é filantropia. Isso era o que se fazia antigamente. ESG é trabalhar com ética e responsabilidade transformadora, melhorando o ambiente de negócios e a qualidade de vida de onde você está inserido”, argumenta Lauro. “Tenis a governança corporativa. Estamos falando de sistemas de gestão. Quantas mulheres têm nível de gestão na sua empresa? Quantos negros? Tudo isso aliado à transparência e a ética”.

Finalmente, o economista explicou o alcance da responsabilidade ambiental: “Vai desde a matéria-prima até a geração de resíduos, exigindo de toda a cadeia produtiva e fazendo com que seus fornecedores tenham fundamentos éticos”, explicou. “Antes dizia-se que se eu praticar o ESG, não terei lucro. Agora vemos que as empresas que o fazem têm uma rentabilidade acima da média”.