Presidente, sobre redução da taxa de juros: correta, embora tardia
O Comitê de Política Monetária do Banco Central anunciou nesta quarta-feira (18) a redução da taxa básica de juros para 3,75% ao ano – um corte de 0,5 ponto percentual. A decisão, tomada por unanimidade, foi avaliada pelo presidente do Cofecon, Antonio Corrêa de Lacerda, como correta, embora tardia.
“O corte de meio ponto percentual vai em linha com o que está acontecendo no mundo. O Copom agiu corretamente, a meu ver, cortando meio ponto percentual e trazendo ao menor nível histórico”, comentou Lacerda. No entanto, há um problema maior que precisa ser combatido pelo Banco Central: “Ao contrário da maior parte do mundo, no Brasil há uma distância enorme entre a taxa de juros básica e a taxa de juros ao tomador final: famílias e empresas”, argumenta o presidente. “Caberia, especialmente neste momento de crise, em que há necessidade de capital de giro, necessidade de crédito às pessoas, que o Banco Central exercesse seu poder de regulador e fiscalizador do sistema financeiro para adotar medidas no sentido de reduzir os spreads nas taxas de juros e reduzir a taxa final, induzindo os bancos comerciais a reduzirem a taxa de juros ao tomador final”.
Lacerda também defendeu outras ferramentas de política monetária, como a utilização de bancos públicos para oferecer crédito mais acessível e a liberação do depósito compulsório. “Há um segundo instrumento, do ponto de vista do governo, que é a utilização dos bancos públicos – BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, principalmente, mas há também as agências estaduais de desenvolvimento – para oferecer crédito aos tomadores finais a taxas de juros mais favoráveis. Do ponto de vista macro, o Banco Central também pode conduzir uma redução das taxas de depósito compulsório, vinculando a liberação destes recursos à ampliação de linhas emergenciais de crédito a taxas de juros compatíveis”, defendeu o presidente.
O comunicado do Banco Central afirma que a conjuntura econômica “prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural”, e que a autarquia “continuará fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de política monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise atual”.