Nota do Presidente do Cofecon em defesa da liberdade de expressão e da democracia

A liberdade de expressão está prevista na Constituição Brasileira e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Como representante de entidade que congrega os economistas brasileiros e que tem entre suas atribuições proteger a sociedade da atuação de maus profissionais, defendo a livre manifestação de ideias e o sadio debate em todas as esferas, incluindo a classe artística, a imprensa, e todos os indivíduos ou categorias que tenham interesse em expressar-se pelos meios que são próprios em suas áreas de atuação. A voz política, muitas vezes manifestada pela arte, é fundamental para a existência da democracia em qualquer sociedade.


Repudio, portanto, as tentativas de censura existentes em entidades como a Funarte, que, segundo o seu presidente, Miguel Proença, deveria produzir arte e beleza, e não agressão. Recentemente, o diretor do Centro de Artes Cênicas da entidade ofendeu Fernanda Montenegro e a classe artística após a atriz posar para uma revista literária como uma bruxa prestes a ser queimada por uma fogueira de livros.


Antes, em agosto deste ano, a coordenadora da Funarte em São Paulo, Maria Ester Moreira, foi exonerada por não acatar um posicionamento da direção que vetava a exibição de um espetáculo com caráter político. Nas palavras da coordenadora em entrevista ao jornal O Globo, a peça tratava de uma sociedade massacrada por um governo fascista. Nos bastidores, especula-se que tal diretor convocou “artistas conservadores” para criar uma “máquina de guerra cultural” contra a “arte de esquerda”.


Tais acontecimentos na Funarte são apenas exemplos do que temos testemunhado diariamente no Brasil. Não podemos aceitar a supressão do direito de nos manifestarmos publicamente, inclusive questionando as autoridades vigentes sobre temas que não concordamos. Caso contrário, viveremos em uma sociedade muda, incapaz de pensar de forma crítica e de expressar o contraditório. No lugar da censura, o debate deve ser amplamente estimulado em todas as esferas da sociedade. É por meio de discussões sobre a nossa realidade e onde pretendemos chegar que teremos um país justo e igualitário.

Wellington Leonardo da Silva – Presidente do Conselho Federal de Economia