Artigo – Economia Brasileira: a busca de caminhos

A economia brasileira esteve no banco escolar nestas duas décadas do século buscando aprendizagem. Nos ¾ iniciais a criatividade por interesses políticos, a corrupção e os malabarismos navegaram numa altitude pouco visível e nebulosa. A mágica de transformar uma realidade conturbada em um céu de brigadeiro contribuiu não só para beneficiar a imagem governamental como para retardar medidas drásticas necessárias para a inserção confortável e persistente no próximo século.

Uma análise responsável permitiria facilmente perceber que a conta a pagar viria acrescida para a próxima década.

Se avaliarmos os últimos oito anos veremos que o PIB, somando as subidas e quedas, cresceu apenas 0,46%aa., enquanto o IGPM cresceu 5,86%aa. Já a produção industrial, elemento importante para a economia, foi massacrada pela queda de 14,10, resultando a média de -1,76%aa. Isto afetou significativamente o desempenho da economia brasileira. Neste mesmo período, a cotação do dólar mais que dobrou, atingindo 2,07 vezes, passando de R$1,876 em 2011 para R$3,875 em 2018.

Neste período o nível de desemprego variou de 6,0%, em 2011, para 11,6% em 2018, com média anual de 8,13%. A dívida pública, com aumento de 8,9%, de 2017 para 2018, atingindo R$3,877 trilhões.

Apenas com esses poucos dados, se considerada a riqueza potencial do País, é visível a inadequada a situação por que passou ou passa o País. Mas isso não é determinante par a permanência no futuro, se a adequação for assumida como foco e meta estratégica do Governo.

Evidentemente medidas objetivas, estratégicas e até drásticas, embora nem sempre confortáveis, são necessárias. O Governo tem sinalizado interesse e esforço para seguir a rota conveniente. Mas o conflito de interesses, nem sempre justos e recomendáveis, poderá dificultar a caminhada. O reforço da presença das importantes Comunidades Cívicas é fundamental para facilitar o acesso à rota do sucesso. Interesses particulares indevidos devem ser excluídos. A tarefa é difícil mas desejável e possível. A sociedade espera que, apesar dos fortes interesses limitantes, a caminhada seja produtiva. A sociedade deseja e o Brasil pode.

Humberto Dalsasso é economista e consultor de alta gestão.