Economistas do Sistema Cofecon/Corecons participaram do lançamento da ABED

O Conselho Federal de Economia prestigiou o lançamento nacional da Associação Brasileira de Economistas pela Democracia (ABED), realizado no dia 7 de maio, no Salão Nobre da Câmara dos Deputados. O presidente da autarquia, Wellington Leonardo da Silva, e o vice-presidente, Antonio Corrêa de Lacerda, participaram da mesa diretora do evento e discursaram na ocasião. A cerimônia foi uma iniciativa da deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) e contou com a adesão de diversos parlamentares, como os senadores Humberto Costa e Jaques Wagner.


A ABED congrega economistas e profissionais afins comprometidos com a promoção da democracia em todo o Brasil, com a defesa do sistema de proteção social e de direitos dos cidadãos conquistados com a Constituição de 1988 e com a luta pela reconstrução de uma nação inclusiva, solidária, equitativa e soberana.


Em seu discurso de abertura, Adroaldo Quintela Santos, representante da ABED, disse que o ato de lançamento foi fundamental para dar visibilidade política à iniciativa. “Nosso segundo grande desafio é crescer, fortalecer e começar a participar fortemente da luta contra o projeto de país que tem sido praticado pelo atual governo, com cortes de verbas nas universidades, por exemplo”, disse Adroaldo.


Lídice, que é economista, relembrou a época em que foi estudante e a luta por um Brasil um país soberano, independente, e que pudesse realizar o sonho de sua geração que foi a redução das desigualdades. “Se nós, economistas, somos profissionais singulares com uma formação mais genérica voltada a entender o conjunto do mundo e as forças sociais e econômicas, por que não podemos nos unir em torno de um movimento pela democracia?”, observou a parlamentar.


O vice-presidente do Cofecon ressaltou a importância da economia para a democracia. “Um país com o grau de desigualdade regional como o Brasil não pode prescindir de uma visão de desenvolvimento no sentido sustentável, que combina a economia, o lado social e o meio ambiente. Essas três dimensões é que são o conceito de sustentabilidade que permite o equilíbrio que pode melhorar a qualidade de vida das pessoas”, destacou Antonio Corrêa de Lacerda. O economista também argumentou que o governo também deve promover uma boa condição de vida para a população e que recursos são necessários para esse fim. “O Estado não gera recursos, ele se apropria de recursos via pagamento de impostos. Especialmente em momentos de crise o país tem o dever de fazer seu papel anti-cíclico. Ao contrário das empresas e do orçamento doméstico, em que é preciso cortar gastos diante de um momento de crise, o Estado precisa de contrapor à retração da demanda”, orientou.


Já o presidente do Cofecon afirmou que, assim como os estudantes, a população deve questionar o obscurantismo em todo momento e em todas as oportunidades. “Daí a importância de que também os economistas montem uma associação para além de suas entidades representativas e isso é muito positivo, como cidadãos para defender a democracia e a soberania brasileira”, disse Wellington Leonardo da Silva.

Confira o discurso do presidente do Cofecon na íntegra:

“Ontem os estudantes nos deram uma lição, no Rio de Janeiro, de como se enfrenta o obscurantismo. O que é necessário que todos nós façamos, não só os economistas, não só os juristas pela democracia, não só os médicos pela democracia, mas todos nós, cidadãos brasileiros, é que questionar o obscurantismo a todo momento e em todas as oportunidades. Daí a importância de que também os economistas montem uma associação, para além de suas entidades representativas. É muito positivo, como cidadãos para defender a democracia e a soberania brasileira.

Quando eu digo que é um regime obscurantista é porque não há outro nome que se possa aplicar a governos que cortam as verbas públicas das universidades públicas, impedindo o acesso dos que menos possuem à evolução cultural, profissional e de futuro para suas carreiras. Isso é obscurantismo.

Me refiro a obscurantismo quando se cortam verbas do Censo que vai ser realizado em 2020, reduzindo o tamanho do questionário com o objetivo vil de esconder da sociedade brasileira a sua real situação política, econômica e social. Isso é obscurantismo.

Me refiro a obscurantismo também quando vemos o Judiciário cúmplice e omisso diante do avanço de organizações criminosas como as milícias, a partir das quais assassinaram Marielle e Anderson.

Obscurantismo de um governo que quer entregar o nosso País e as nossas riquezas, e já o vem fazendo, inclusive o nosso território, vejamos o caso de Alcântara, para interesses estrangeiros. E no interesse de banqueiros e rentistas, e deixemos absolutamente claro que eles são adversários da sociedade brasileira.

Fala-se muito em uma crise brasileira. Não há crise brasileira. A crise que vivemos hoje decorre de 2008 e começou com a falência do Lehman Brothers e a queda do mercado imobiliário nacional e internacional que atingiu todos os países.

É preciso que nós nos unamos cada vez mais em torno da cidadania para, em nome da democracia, que é o princípio fundamental que temos que defender, nos opormos ao obscurantismo.

Ao obscurantismo que afirma que tem que dar tiro nas cabecinhas, como disse o lamentavelmente governador do estado do Rio de Janeiro. Obscurantismo que está incentivando a violência contra os mais pobres, contra os despossuídos. Obscurantismo que leva as nossas ruas e as nossas calçadas a estarem apinhadas de pessoas que não têm para onde ir e nós, economistas, não podemos nos furtar de estar nesse combate junto a outros profissionais.

Que venha a Associação dos Químicos pela Democracia, dos Farmacêuticos e todas as profissões. Não se iludam, o que está em curso não são coisas pontuais. São muitas mentiras. A primeira mentira foi de que a reforma trabalhista reduziria o desemprego. Não é verdade. A segunda mentira é que a destruição da Previdência Social no Brasil vai salvar o País. Não é verdade. Outra mentira é que uma reforma tributária, cujos interesses a serem atendidos são dos empresários, dos banqueiros e rentistas, e não da população, vai resolver o problema do desenvolvimento brasileiro.

Temos que reagir o tempo inteiro contra a entrega de território, de patrimônio e contra a precarização do mundo do trabalho. O que está em curso é uma tentativa vil de transformar todos os que dependem da sua força de trabalho para viver em escravos modernos. Vejam como as coisas se conjugam: reforma trabalhista, ataque aos sindicatos, reforma da Previdência, reforma tributária, e mais à frente, o que virá?

Ah, a carteira verde e amarela. Sabe o que isso me lembra? Meu primeiro emprego, quando tinha 16 anos. Naquela época, ainda havia a lei da estabilidade. Foi criado o FGTS para acabar com a estabilidade porque depois de 10 anos a demissão do empregado custava muito caro. O que acontecia quando você chegava à mesa do departamento pessoal para pegar a vaga? Eles diziam: “Olha, está aqui a adesão ao FGTS”. Quem era um pouco mais antenado dizia: “Mas isso é opcional”. E respondiam: “É opcional, mas se você não assinar o emprego não é seu. O próximo…”

Então, senhores, lutar pela democracia hoje, repito, é lutar contra o obscurantismo que quer se implementar no Brasil e pela redução da nossa capacidade e de nossa felicidade. Finalizo dizendo que se não há situação confortável, se não há situação decente para que o povo viva, coma, more, tenha saúde, educação, que não haja paz para os governantes. Muito obrigado! “