Artigo – Menos médicos

  • 22 de novembro de 2018
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Instituído por Dilma em agosto de 2013, o “Mais Médicos” é um programa do Governo Federal que garante a 2.885 municípios brasileiros a presença de médicos para a atenção básica. Tem a aprovação do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde; da ampla maioria dos prefeitos desses municípios; e de 95% de seus 63 milhões de usuários.

Há mais de 460 mil médicos registrados no Brasil, mas apenas 4,3 mil (menos de 1%) se dispuseram a ingressar no programa. Poucos sabem, mas há quase 400 municípios no Brasil, alguns com mais de 200 anos de existência, que, antes do “Mais Médicos”, nunca, isso mesmo, nunca tiveram um único médico em toda a sua história. Por isso o programa teve que abrir vagas para brasileiros ou estrangeiros que se formaram fora (3,4 mil) e para médicos cubanos (8,4 mil). Nas terras Indígenas, mais de 80% dos médicos são cubanos, pois os brasileiros não querem ir para lá. E é exatamente a presença dos médicos cubanos que tem sido atacada pelo capitão-presidente eleito.

As missões médicas de Cuba no exterior envolvem 67 países. Os recursos captados por Cuba nesses convênios são destinados à: a) formação gratuita do povo cubano em Medicina; b) financiamento da saúde pública gratuita ao povo cubano, garantindo uma das menores taxas de mortalidade infantil e uma das maiores expectativas de vida do planeta; c) formação gratuita em Medicina de dezenas de milhares de estrangeiros em Cuba; d) financiamento da pesquisa médica, que fez Cuba descobrir a vacina contra a meningite B, a vacina contra câncer no pulmão e a ser o primeiro país a eliminar a transmissão materno-infantil do HIV e da sífilis; e e) envio de “missões médicas” totalmente gratuitas a países sem condições de pagamento, como foram os casos do Haiti, arruinado pelo terremoto, e do Sudão do Sul, assolado pela guerra civil.

Sabemos agora que o “Mais Médicos”, tal qual o aquecimento global, faz parte da tal conspiração cultural-marxista a que o novo chanceler aludiu.

Júlio Miragaya é vice-presidente da Associação dos Economistas da América Latina e do Caribe (AEALC)