Artigo – Meio Milhão

Meio milhão de desempregados. A Área Metropolitana de Brasília alcançou em maio o triste número de 500 mil desempregados, sendo 320 mil no Distrito Federal e 180 mil nos 12 municípios goianos adjacentes.

No DF, os 320 mil desempregados são praticamente o dobro dos 163 mil que havia em dezembro de 2014. Ao longo dos três anos e cinco meses do atual governo, a População Economicamente Ativa (PEA) aumentou em 157 mil pessoas, mas o número de ocupados se manteve estagnado em 1.326 mil. Com nenhum novo emprego gerado, a taxa de desemprego subiu de 11,0% para 19,5%.

Nas Regiões Administrativas mais pobres, como Ceilândia, Planaltina, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas, Paranoá, Itapoã e Estrutural, a taxa é ainda maior, oscilando entre 23,8% e 26,1%. É também significativamente maior entre as mulheres e negros, e entre os jovens de 16 a 24 anos chega a incríveis 43,6%.

Na periferia metropolitana o quadro é ainda mais dramático. Da PEA de 700 mil pessoas, estima-se que cerca de 25% esteja desempregada, ou seja, 180 mil. Não surpreende que seja uma das regiões mais violentas do Brasil. Nesse início de 2018 foram perdidos no DF 18 mil empregos com carteira assinada e permanece estagnada em 68 mil a ocupação na construção civil, onde já foi de quase 100 mil. Para piorar, o rendimento médio vem caindo em todos os segmentos.

A economia do DF tem suas peculiaridades e a mais notável é a enorme dependência do setor público. A adoção de políticas liberais, exclusivamente fiscalistas, tem sido fatal para nossa economia. Para superar a grave crise no DF é imperiosa a vitória de um projeto político, no plano federal, que promova o refortalecimento do setor público, combinado à adoção de uma estratégia de desenvolvimento local que promova a diversificação de nossa estrutura produtiva. Quer uma razão? A ocupação na nossa anêmica indústria já caiu 10% esse ano, para pífios 42 mil empregos.


Júlio Miragaya, vice-presidente da Associação dos Economistas da América Latina e Caribe