Artigo – Os economistas

Em 13 de agosto comemorou-se o Dia do Economista, profissão regulamentada nesta data em 1951. Há 66 anos, a grande maioria da categoria, que tem no Conselho Federal de Economia sua máxima representação, se dedica à construção de um país próspero e mais justo, conforme reza nosso juramento: “Juro fazer da minha profissão de Economista um instrumento não de valorização pessoal, mas sim utilizá-lo para promoção do bem-estar social e econômico de meu povo e minha nação”.

Mas tal compromisso não é consensual. A agenda econômica do governo Temer, que é a agenda do setor financeiro e das grandes corporações, é defendida por um diminuto grupo de profissionais, focado exclusivamente na maximização dos lucros dos super-ricos, desprezando a promoção do bem-estar social e econômico do povo e da nação.

Esses economistas defendem, por exemplo, as reformas trabalhista e previdenciária como condição indispensável para reduzir o chamado Custo-Brasil, atribuindo ao custo do trabalho, sempre ele, o fator único e determinante para a baixa competitividade de nossa economia, simplesmente desprezando a elevada taxa de juros, o câmbio apreciado, a insuficiente e precária infraestrutura, a baixa qualificação da mão-de-obra e o baixíssimo investimento em inovação como determinantes da baixa produtividade brasileira.

Recorrentemente demandados pela grande mídia, aparecem como a “voz dos economistas”, mas de forma alguma falam pelos 250 mil economistas brasileiros. A grande maioria dos economistas deseja um Estado que atenda seus cidadãos, principalmente os mais vulneráveis, e não que transfira recursos públicos para os mais ricos, na forma de juros da dívida pública, subsídios e renúncia fiscal de toda sorte. Desejam também mudança no modelo tributário, tornando-o progressivo, reduzindo a carga de tributos sobre o consumo e a produção e aumentando sobre a riqueza e a renda do capital, fartamente isentas. Parabéns, economistas brasileiros, pela dedicação a um Brasil melhor.


Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia