Artigo – Melhorando para pior!

O Governo Temer é pródigo em inovações. Durante sua vergonhosa participação na reunião do G-20, em Hamburgo, afirmou que não havia crise alguma no Brasil e que ia tudo bem. Retornou ao País e, enquanto dedicava-se ao “convencimento” de deputados para votarem contra a aceitação da denúncia da PGR, voltou a afirmar que a situação econômica e social continuava melhorando.

Temer parece falar para os 5% dos brasileiros que, segundo as diversas pesquisas de opinião, avaliam que ele faz um ótimo ou bom governo. Trata-se, provavelmente, da parcela que está no topo da pirâmide social, os maiores beneficiários de suas políticas de destruição de direitos sociais e da dilapidação do patrimônio público; em suma, os mais ricos.

   Mas 95% dos brasileiros não aprovam o governo Temer, talvez por sentirem na pele as consequências das políticas desse governo. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a PNAD Contínua, do IBGE, mostra que houve redução da taxa de desemprego no 2º trimestre de 2017, mas sem geração de empregos com carteira assinada e sim de assalariados sem carteira (mais 442 mil) e de autônomos (mais 396 mil), antecipando a precarização das relações de trabalho decorrente da reforma trabalhista e da lei da terceirização. Como previsto, ocorreu queda de 4,4% no rendimento médio real dos assalariados sem carteira e de 1,5% entre os autônomos.

Enquanto isso, o descalabro das contas públicas segue em meteórica ascensão, totalizando R$ 183 bilhões nos últimos 12 meses. E pensar que Dilma foi destituída por gerar déficit público de R$ 114 bilhões. Na busca de votos, Temer está empenhando R$ 17 bilhões em emendas parlamentares e negociou com membros da bancada ruralista o perdão de 80% da dívida com o Funrural (de R$ 10 bilhões, o governo receberá 2 bilhões).

Estranha-se o sumiço do pato amarelo, a retenção das camisetas amarelas nas gavetas e o silêncio das panelas do mais puro inox.


Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia