Artigo – Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come…

A notícia do início desta última semana de julho foi que o estoque da Dívida Pública Federal (DPF) subiu 3,22% em junho, quando atingiu R$ 3,357 trilhões em relação ao mês anterior, conforme divulgação do Tesouro Nacional.

A DPF inclui a dívida interna e externa. A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) fechou o mês de junho em R$ 3,233 trilhões. Já a Dívida Pública Federal externa (DPFe) somou R$ 123,99 bilhões (US$ 37,48 bilhões) também em junho.

A Dívida Pública Federal deverá finalizar o ano entre  R$ 3.450 e R$ 3.650 bilhões, leia-se 3,45 e 3,65 trilhões de reais. Uma dívida trilhonária  mesmo medida em dólares.

Para cobrir as necessidades de administração desta dívida, conforme Plano Anual de Financiamento para 2017, o Tesouro Nacional necessita de R$ 654 bilhões.  Parte deste montante virá do Orçamento da União, no montante de R$ 52,9 bilhões, valor bastante expressivo.  O Saldo de mais de R$ 600 bilhões serão buscados no mercado, tanto interno como externo, já que R$ 16,8 bilhões da Dívida Publica Federal externa tem vencimento neste ano, por captação nova ou rolagem de dívida.

Tudo estava se encaminhando para que o custo da DPF fosse diminuído, pela queda da taxa de juros básica (Taxa Selic). Inicialmente estimada para algo ao redor dos 8%.

Embora alguns economistas começaram até antever que Taxa Selic pudesse cair até o fim do ano para 7%. Entretanto, ainda não se tem o impacto dos aumentos dos combustíveis nos preços, o que poderá frear a queda da inflação.  O preço dos combustíveis atinge toda a economia.

A diminuição das taxas de juros para números na casa de 8%, permitiria a possibilidade de haver retomada do crédito para investimentos, uma retomada gradual no emprego assim antecipando a volta do consumo.

Para o governo a queda da Selic, permitiria uma forte redução no custo da Dívida Pública Federal, aliviando o orçamento para 2018 e o Déficit Público. Poderia até  resultar em investimentos por parte do governo.

A possibilidade de retomada da inflação, pode fazer com que o Banco Central (Copom) na reunião desta semana, cujo o resultado será anunciado na quarta- feira, 26, mantenha a taxa em 10,25% ou reduza a velocidade da queda da taxa de juros básica, até que o cenário se torne mais claro.

Sem a diminuição da Selic, o orçamento da União continuará pressionado, e para cobrir o déficit público, o governo terá que buscar recursos no Tesouro, que por sua vez necessita de mais dinheiro dos tributos, como foi agora o caso do aumento sobre combustíveis. A Dívida Publica continuará em escala ascendente.

O país necessita de que as taxas de juros caiam, assim como a inflação, mas o déficit publico, Receitas menos Despesas, continua aumentando.

É quase o círculo viciosos em que se encontrava o Brasil em 1993, só que agora a economia está estagnada. 

A solução atual encontrada foi o do aumento das alíquotas sobre combustíveis e corte no orçamento, ainda assim insuficiente para dar o equilíbrio. Embora o governo diga que não haverá outros aumentos, sempre a necessidade fala mais alto. Não seria uma surpresa um aumento no IOF sobre operações de câmbio à vista.

O que se espera que o governo não caia na tentação de recorrer aos artifícios contábeis, a famosas pedalas do governo da Presidente Dilma, que levou o país a situação que estamos vivenciando.

Se a Economia havia se descolado da Política, agora  está sendo atraída de volta. Já que a única preocupação é a manutenção do presidente em sua cadeira, mesmo que isto tenha um custo alto. O Governo necessita dos congressistas para se defender dos ataques cerrados do MPF e seus perdões.

A situação atual em que estamos lembra o título da peça teatral de 1966, de Oduvaldo Vianna Filho e Ferreira Gullar, Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Com, mas se… 


Décio Pizzato é Economista.