Presidente do Cofecon participou de debate na CPI da Previdência, no Senado

cpi previdenciaO presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, participou do debate promovido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência, no Senado Federal, para analisar a Proposta de Emenda Constitucional 287/2016. A CPI é presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e tem como relator o senador Hélio José (PMDB-DF). O debate completo está disponível em https://www.youtube.com/watch?v=p_6H6AulzSI&index=2&list=PLLLnytnGoqiai7rKQcWSyc6rQ0KUWNMe0

O presidente do Cofecon apresentou a nota elaborada em conjunto com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) além de números que sustentam o argumento de um falso déficit na Previdência Social. Ele destacou o que considera “malandragens” na proposta formulada pelo governo, no que diz respeito à Previdência Social: “Cria um falso déficit, mediante subtração das receitas previdenciárias; Propõe a contrarreforma durante uma crise conjuntural; sugere igualar a idade mínima de aposentadoria no Brasil com a dos países ricos; Insinua gastança com pessoal; Mente dizendo que será bom para o povo; Dureza com o povo e generosidade para banqueiros, rentistas e especuladores; e Para garantir transferências aos capitalistas, governo aplica política de corte de direitos sociais e de gastos”. Para o presidente do Cofecon, o “pulo do gato” é a Previdência Privada.

Júlio Miragaya entregou documento “O novo modelo atuarial do Governo Federal para o RGPS: As inconsistências permanecem”, elaborada qualificada equipe de técnicos. De acordo com o presidente, em síntese, o documento denuncia que o Governo projeta um quadro de caos no Sistema superestimando a previsão de gastos previdenciários, mediante a superestimação da população idosa futura e subestimando a previsão de receita previdenciária, mediante a subestimação da previsão de crescimento do PIB. “Nós, economistas, não conseguimos prever qual vai ser o desempenho do PIB para este trimestre, tal desencontro de dados que existem. No entanto, o governo projeta, com uma tranquilidade enorme, até 2060”, observou.

miragayaMiragaya apontou ainda que a proposta se aprovada provocará impacto negativo nas economias dos milhares de pequenos municípios do Brasil. “Cerca de 70% dos 5570 municípios vão ter uma queda brutal nos seus rendimentos com a redução dos benefícios previdenciários. Nesses municípios as receitas previdenciárias superam o fundo de participação dos municípios”, disse.

Segundo Luiz Alberto dos Santos, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Previdência Social, o governo historicamente se apropriou de recursos da Previdência para fins diversos e apresenta dados “mascarados” sobre o déficit. “Recursos foram canalizados para finalidades estranhas à Previdência e à Seguridade Social. Houve negligência histórica. Houve um desvio trilionário de recursos que não voltaram”, assinalou.

Para a CNBB, a OAB e os dois conselhos, as mudanças nas regras da seguridade social têm de garantir a proteção aos vulneráveis, idosos, titulares do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e trabalhadores rurais. “Temos lido em jornais que o governo quer aprovar reforma da Previdência para sinalizar para o mercado.  Isso não tem ética. Não é o mercado que pode dizer o que pode ou não pode ser feito. Não podemos onerar os pobres”, disse Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB. Mariana Furtado Arantes, conselheira do Conselho Federal de Serviço Social, avaliou que as regras propostas desconsideram direitos adquiridos e colocam critérios quase impossíveis de serem atendidos. “A população mais pobre não acessará a Previdência, ou, se acessar, será por muito pouco tempo”, lamentou.

 Durante a reunião, o presidente da CPI, senador Paulo Paim (PT-RS), observou que 95% da população é contra a reforma da Previdência e a reforma trabalhista propostas pelo governo Temer. Ele também criticou a violência policial contra manifestantes no ato desta quarta-feira (24) que reuniu milhares de pessoas em Brasília.