Artigo – Pedra no caminho

No momento em que as reformas Previdenciária e Trabalhista propostas pelo governo Temer tramitam entre deputados e senadores cooptados por cargos e promessas de se safarem da “Lista de Janot” com a anistia ao Caixa 2, milhões de trabalhadores disseram em alto e bom som que não aceitarão a pauta de retrocesso social. Sim, milhões que em 15 de março se manifestaram contra as reformas Previdenciária e Trabalhista em atos, passeatas, greves e paralizações de diversas categorias, especialmente os professores.

Com sua cara de pau contumaz, Temer afirmou que as reformas – que o mercado financeiro exige – serão boas para o povo brasileiro. Aliás, a mesma cara de pau que o levou à Paraíba para, na inauguração do Eixo Leste da Transposição das águas do rio São Francisco, junto com 150 políticos da velha oligarquia nordestina que sempre criticaram as obras da transposição como demagogia do governo Lula, anunciar aos presentes, num palanque cercado que isolava o povo, que a obra não tinha pai. A dúvida sobre a paternidade da Transposição foi sanada no último domingo com 50 mil paraibanos, potiguares, pernambucanos e cearenses recebendo Lula no sertão nordestino.

Ficam cada vez mais claras para o povo as razões do golpe parlamentar-judicial que alçou Temer ao poder: implementar o “ajuste” que o capital financeiro exigia, promovendo cortes indiscriminados nos gastos sociais e retirando direitos conquistados pelo povo. Conta, para tanto, com aliados como o juiz Sérgio Moro, que, sob o argumento de “indevidas”, vetou 19 perguntas que Eduardo Cunha formulara a Temer, assim como o ministro do STF e presidente do TSE Gilmar Mendes, que, em reuniões com políticos tucanos e pemedebistas investigados pela Lava Jato, discute alternativas criativas para a Reforma Política.

Mas a 18 meses da eleição de 2018, há uma pedra crescendo no caminho da elite brasileira, é muito popular entre o povo e tem enorme potencial de estragar os planos.


Júlio Miragaya, Presidente do Conselho Federal de Economia.