Economistas discutiram a situação econômica do Brasil durante o 4º EPECO

“O que esperar da Economia Brasileira: Pra onde vamos”, foi o tema central debatido por economistas de renome nacional nos dias 24 e 25 de junho, no Parque Tecnológico de Itaipu, em Foz do Iguaçu/PR. Com realização do Conselho Regional de Economia do Paraná (CORECONPR), o 4º Encontro Paranaense de Economistas e Estudantes de Economia (EPECO), teve o objetivo de debater a situação macroeconômica do Brasil, a economia e o desenvolvimento socioambiental, o curso de economia e ainda o mercado de trabalho.

 A palestra de abertura com tema “Situação Macroeconômica do Brasil” reuniu os economistas Fábio Dória Scatolin (secretário Municipal de Planejamento e Administração da Prefeitura de Curitiba) e João Sicsú (professor-doutor no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Com moderação do presidente do CORECONPR, o economista Eduardo Moreira Garcia, o debate levantou questões importantes que devem ser observadas para a retomada do desenvolvimento.

Scatolin observou que a crise atual é muito mais decorrente da política do que da economia, com a perda de dinamismo. Ainda segundo ele, essa crise agrava a gestão pública com a queda nas receitas.  E, um dos entraves para o desenvolvimento é a inexistência de uma estratégia de inserção do Brasil na economia nacional e a falta de um projeto de país. Ele alerta que é necessário inovar, discutir uma estrutura produtiva a ser adotada e estudar o tipo de inserção na economia mundial que o Brasil vai ter. “Temos que reduzir o juro real, que há 30 anos é a taxa mais alta do mundo. Isso impede que a nossa economia tenha um crescimento sustentável”, diz Scatolin, que finaliza destacando que o Brasil deve olhar mais para o exterior e que a estratégia do crescimento da economia dever ser pautada.

João Sicsú ressaltou em sua palestra a situação econômica mundial e sugeriu algumas medidas para modificar o rumo econômico do Brasil. Segundo ele, a crise econômica é grave e tem prejudicado muito os trabalhadores. No cenário mundial, a fase é de concentração de renda e riqueza. Para mudar isso, Sicsú comenta que é preciso ter criatividade e ousadia, investindo em políticas sociais, aumentando ainda mais incentivos como o bolsa família, pois a população com renda baixa é o que consome e faz a economia girar. Ainda destacou que o governo precisa gastar quando a economia vai mal e cortar os gastos quando a economia vai bem. “A solução para fazer a economia crescer é disponibilizar mais recursos para o bolsa família e nos salários. Onde pensa que tem que ser reduzido é que está a solução para os problemas”.

O painel “Matriz de Insumo-Produto como instrumento de planejamento econômico”, abriu o segundo dia de debates, reunindo os economistas debatedores, Alexandre Alves Porsse (UFPR/USP) e Paulo Brene (UENP/CORECONPR), com moderação do economista Celso Bernardo, vice-presidente do CORECONPR. Os debatedores destacaram a importância desta ferramenta no planejamento orçamentário e de receitas dos órgãos públicos municipais e estaduais.

Porsse disse que compreender a utilização da Matriz de Insumo-Produto é fundamental para a promoção do desenvolvimento econômico regional e nacional.  Os fundamentos desta ferramenta foram apresentados há mais de 80 anos por Leontief, em um estudo para os Estados Unidos, com dados analíticos completos. Ela é muito importante, pois, segundo ele, fornece subsídios importantes para o processo de planejamento econômico, organizando de forma estruturada e desagregada os fluxos monetários de transação entre os agentes que compõem o sistema econômico (firmas, consumidores, investidores, etc).

Paulo Brene debateu a utilização da matriz na orientação e implementação de políticas municipais, a partir de uma serie de indicadores econômicos dela provenientes. Ele destaca que ela é ideal para quem trabalha com planejamento, pois revela os fluxos de bens e de serviços entre os diversos setores da economia de um país ou região, em um período. Para dar uma amplitude da sua utilização, Brene citou exemplos de trabalhos realizados, como o da prefeitura de Londrina, em que ela forneceu dados importantes para a administração pública.

 “Perspectivas do desenvolvimento regional no Paraná sob a ótica ambiental: quo vadis!”, foi o tema debatido por Jair Kotz (Itaipu Binacional) e o economista da Unioeste/Toledo, Jandir Ferrera de Lima. Na moderação, esteve a economista e professora Geisiani da Unila, Michelle Zanqueta. Eles analisaram o índice de crescimento da região Oeste e de todo o Estado do Paraná, verificando se ele está gerando desenvolvimento e se está ocorrendo em conformidade com a sustentabilidade ambiental.

Jair Kotz alertou em seu debate sobre o aumento da temperatura, que faz crescer a precipitação. Ainda, comentou a tendência de tropicalização do Paraná, diminuição de temperaturas mínimas e aumento das temperaturas máximas. Essas alterações podem provocar deslocamento de culturas, como a do café e da maçã. Ainda, destacou a importância de se preservar a água para a garantia da vida, investindo em captação e no reuso. Ele finalizou dizendo que é necessário uma nova ética na economia, saindo de bens e serviços para a economia criativa.

Jandir Ferrera de Lima, também destacou os cuidados com o meio ambiente. Para ele, é fundamental a adoção de políticas públicas e privadas em prol da preservação e manutenção dos recursos naturais. Em sua análise, observou que a economia do Estado está focada na extração excessiva dos recursos naturais, o que pode gerar grandes prejuízos e limitar o crescimento em longo prazo.

O encerramento do evento ocorreu com a palestra do mestre em Economia pela Universidade de Brasília, José Luiz Pagnussat, com o tema “O currículo do curso de Economia e o Mercado de Trabalho”. Ele iniciou fazendo uma síntese histórica das diretrizes curriculares dos cursos de economia. Pagnussat disse que é importante o curso de economia se ajustar às necessidades regionais, com a inclusão de disciplinas que atendam os interesses do mercado onde o aluno pode ser inserido. Ainda, ressaltou as oportunidades do mercado de trabalho, como o crescimento da consultoria, e que é possível alcançar mais espaços nas pequenas empresas utilizando a perícia. “Uma característica importante, também, é o fortalecimento do departamento econômico nas grandes empresas, que passaram a ser reconhecidas por terem economistas”.

O evento também contou com mini cursos, que são ideais para o aperfeiçoamento técnico dos economistas. A economista e especialista Vanya Trevisan Marcon apresentou informações sobre o mercado de trabalho do perito econômico-financeiro, e o economista Luiz Antonio Rubin, mostrou as oportunidades para a oportunidade de atuação do mediador, que é preparado através do curso de Mediação e Arbitragem.