Lacerda aborda desafios do cenário econômico global
Conselheiro participou do 2º Fórum de Economistas da Alecon, em Portugal, e citou a retomada da economia brasileira e a cooperação entre os países de língua portuguesa
O momento econômico atual do Brasil e os desafios frente às grandes mudanças globais foram temas abordados pelo conselheiro federal Antonio Corrêa de Lacerda nesta sexta-feira (27), em Lisboa. Ele participou de um painel sobre “o papel dos agentes econômicos na política de cooperação” durante o 2º Fórum de Economistas da Associação Lusófona de Economia. O evento teve transmissão pelo Facebook e pode ser assistido clicando AQUI.
“A gestão atual começou em 2023 e trouxe um ambiente muito favorável também para o resgate do papel do Estado, mas também da iniciativa privada. Assistimos a um movimento de crescimento econômico já pelo segundo ano consecutivo da ordem de 3% ao ano, com uma inflação bastante moderada, de 4% ao ano, mediante taxas de juros que ainda consideramos elevadas, mas esta é a nossa realidade”, discorreu o economista. “Do ponto de vista econômico, há um plano de adequação aos novos desafios impostos pelas mudanças globais”, prosseguiu, mencionando três delas: a pandemia, a crise climática e as tensões geopolíticas.
Lacerda falou sobre o processo de globalização econômica, que trouxe benefícios do ponto de vista da redução dos custos, mas que agora está sendo revisto. “As três mudanças citadas nos obrigam a uma visão um pouco diferenciada. A despeito das questões de competitividade e custo, o custo mais alto que você tem, do ponto de vista do fornecimento, é a ausência de material”, comentou. “Houve impactos nos microprocessadores, nas hifas, componentes da indústria fármaco-química, e outros elementos importantes. Este reposicionamento das cadeias internacionais de valor abre desafios e oportunidades aos países lusófonos”.
A seguir, o conselheiro citou três grandes programas estruturantes que norteiam o projeto de cooperação entre o Estado e os agentes econômicos, referentes a transição energética, neoindustrialização e investimentos. “Isso nos abre oportunidades de intercâmbio cada vez maiores”, afirmou, em referência aos demais países de língua portuguesa. “E a partir daí foram definidas pelo governo seis grandes missões no processo de reindustrialização, ligadas às cadeias agroindustriais; ao complexo econômico-industrial da saúde, e o Brasil tem um programa de universalização dos serviços públicos de saúde que traz no seu bojo uma grande necessidade de investimentos; infraestrutura, saneamento, moradia e mobilidade; digitalização industrial; bioeconomia, descarbonização e transição energética; e sexto, não menos importante, tecnologias de interesse à soberania e defesa nacionais”.
Diante deste cenário, Lacerda mencionou que a comunidade de países lusófonos tem “um potencial imenso, representado pelo PIB dos países e pelo mercado produtor e consumidor, com mais de 260 milhões de pessoas, e que é subaproveitado”. E encerrou falando da importância dos economistas: “Temos um papel duplo, porque representamos na sociedade uma formação de opinião muito significativa dentro da mobilização dos agentes privados; e, ao mesmo tempo, detemos conhecimentos da nossa especialidade para fazer face a estes grandes desafios. A retomada da Alecon é muito importante estrategicamente, até para a própria comunidade internacional. Temos muito mais a fazer do que fizemos até agora”.